Vivemos a pior seca registrada nos últimos 50 anos! Uma tragédia humana, que causa fome, sede e mata rebanhos de animais. Só no nosso Estado da Bahia a produção de leite teve uma queda de 90%, acarretando um prejuízo financeiro de R$546 milhões de reais aos pecuaristas. Muita tristeza e preocupação com o futuro deste singular bioma; desta vegetação típica que cobria todo o Nordeste brasileiro e parte do norte de Minas. Em algumas regiões já se pode ver a amostra do seu estrago. Removida a sua cobertura natural, a caatinga virou terra nua e o chão esturricou-se. Areia pura, sem vida. Uma gigantesca faixa de terra de 1.338.000 Km2, que começa no Piauí, passa por todos os estados nordestinos e termina no norte de Minas. Nela vivem 34 milhões de brasileiros, em 1.204 municípios; o equivalente a 15% da população do país. É o retrato da depredação da natureza, da ignorância humana e do descaso dos governos, que tiraram muito proveito da famigerada “indústria da seca”. Naquelas pequenas cidades sertanejas, os fornos das padarias ainda são alimentados pelo que resta da caatinga rala. É doído ver nas portas daqueles estabelecimentos os montes dos pequenos troncos retorcidos aguardando a sua vez de serem queimados. Ou das inúmeras carvoarias que alimentam os fornos das grandes indústrias siderúrgicas. Desde 1977 o tema vem sendo discutido pelas nossas autoridades, mas ainda não apresentou resultados práticos para equacionar e resolver este grave problema. E pensar que temos 70 mil represas no nordeste que acumulam um potencial de cerca de 37 bilhões de metros cúbicos de água. É a maior quantidade de água represada em regiões semiáridas do mundo. Com este potencial hídrico poderíamos irrigar milhões de hectares com água de boa qualidade, até porque existem regiões sedimentares onde é possível perfurar poços e obter água do subsolo. Mas até agora os projetos não saem do papel. Obedecendo as devidas proporções, Israel fertilizou o solo e transformou o deserto em terras produtivas, com a irrigação das águas do Rio Jordão. Pelo andar da carruagem, o sertão brasileiro poderá se transformar num imenso deserto, com inúmeras consequências danosas à sua gente e ao meio ambiente de toda região. E enquanto nada acontece, o sertanejo continuará migrando para o sul do país, para os grandes centros urbanos, enchendo as grandes cidades e fugindo destas secas medonhas, do seu chão que lhe dá tantas alegrias.
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