Rua é o espaço público destinado ao trânsito de pessoas, veículos e animais, no qual é garantido o direito de ir, vir ou estar. Nas ruas há a presença de duas calçadas, uma de cada lado, para o trânsito de pedestres e uma ou mais pistas de rolamento para o movimento de veículos e/ou animais.
Em Barbacena, a Rua Alvarenga Peixoto, do bairro São José, tem este nome em homenagem ao Advogado, Juiz de Fora de Sintra, Portugal, Senador por São João Del Rei, Ouvidor da comarca de Rio das Mortes e poeta Inácio José de Alvarenga Peixoto, participante da Inconfidência Mineira.
Mas a Rua Alvarenga Peixoto é também conhecida como Rua do Anjo (seu nome antes da homenagem ao poeta), talvez até mais conhecida por este nome. E isto é sem sombra de dúvida em razão de uma obra literária: “Os Meninos da Rua do Anjo”, de autoria do professor e escritor barbacenense Sérgio Henrique Marchetti, hoje residente em Belo Horizonte. O lançamento do livro se deu em dois momentos: em setembro de 2003 aqui em Barbacena, no espaço cultural da Praça da Estação, num evento muito concorrido pela presença da sociedade e dos intelectuais barbacenenses; em setembro do mesmo ano foi feito o lançamento em Belo Horizonte, no espaço cultural da Faculdade Tecnológica do Comércio, em outro evento de significativo sucesso. Por esta muita razão a Rua do Anjo é conhecida em todos os cantos de Minas e até de outros estados.
A Rua do Anjo é uma rua pequena, com cerca de trezentos metros, sendo seu início logo após a Ponte Seca e, portanto, dista por volta de cem metros do centrão da cidade: Praça Pedro Teixeira, Praça dos Andradas e Rua 15. Do lado esquerdo existem casas residenciais e o lado direito é um terreno vago pertencente à Escola Agrotécnica Diaulas de Abreu, que vai do marco zero ao marco duzentos e cinqüenta.
Tendo em vista as legislações municipais a construção das calçadas em frente às casas, lotes, terrenos e edifícios é de responsabilidade dos proprietários dos respectivos bens imóveis.
No que se refere à Rua do Anjo todos os proprietários das casas residenciais construíram e dão manutenção às calçadas em frente de seus inoveis. Não é o que acontece com o terreno da Escola Agrotécnica, que nem a calçada de terra é mantida. Apenas um matagal de causar medo, com o descorregamento e deslizamento dos barrancos, acúmulo de detritos que emporcalham a tão famosa rua. À noite gambás e outros bichos circulam pela rua, causando desconforto aos transeuntes.
Na Edição de 11 de setembro deste ano o Jornal de Sábado publicou um excelente artigo do acadêmico Newton Siqueira de Araujo Lima sobre os cem anos da Escola Agrotécnica, no qual registra o orgulho que têm as pessoas de Barbacena em sediar uma entidade de ensino agrícola com a qualidade e a excelência que a caracterizam.
Dizemos nós agora: a este orgulho e admiração a Escola Agrotécnica (ou que nome tenha no momento) retribui com desprezo, desconsideração e desdém pelas pessoas residentes na Rua do Anjo e em outras cujos moradores têm que trafegar por ela para atingir o centro da cidade, mantendo este terreno nas condições que está. Será que a escola considera que as pessoas não são dignas de valor, de estima, de atenção e de consideração?
Os proprietários privados dos imóveis desta rua, pessoas que trabalham, pagam impostos escorchantes (a carga tributária brasileira é uma das mais altas do mundo) e são obrigados a votar, e votam, e também são obrigados a fazer e manter as calçadas e fazem e as mantém. Já a outra parte, por ser órgão público federal, não paga imposto, toma dinheiro das pessoas através do famigerado e odioso fisco brasileiro, mantendo durante estes cem anos esta vergonhosa situação, este matagal insuportável, este descaso para com as pessoas das imediações deste terreno.
Comenta-se que já veio verba do orçamento federal para se construir o arrimo e os passeios. Mas...
Para os entes públicos, leis por eles criadas não precisam ser cumpridas. Para os entes privados, trabalho, trabalho, trabalho, votos e mais votos, os perversos e odiosos impostos. Êta Brasil!