Escolas e hospitais estão caindo aos pedaços apesar das altas somas arrecadadas pelo governo mas que não chegam aos programas sociais previstos. A cada ano, por ordem do FMI, ocorre uma redução das verbas, apesar dos aumentos das necessidades ocasionadas pelo aumento da população. Qualquer escola ou posto de saúde recebe migalhas que não suprem três meses de funcionamento. Este valor deve ser 10.000 vezes MENOR do que o montante de impostos sonegados no último ano por meia dúzia de banqueiros e industriais que patrocinam a manutenção do poder nas mãos de fantoches incapazes. E a liberação destas pobres verbas passa por um processo burocrático proposital para deixar os dependentes mais necessitados. No entanto, no caso da sonegação citada, nenhum esforço está sendo feito para recuperar o montante desviado, que já deve ter sido adequadamente fatiado entre os que facilitaram os canais para o seu escoamento.
Se o PROER auxilia bancos que simulam falência para encobrir gordas maracutaias financeiras (lavagem de dinheiro, pagamentos de comissões e envio de depósitos para ilhas a mais de 200 milhas de nossas costas), que causariam redução de projetados lucros à turma de famigeradas goelas largas, por que tanta dificuldade também é fabricada quando se trata de promover um verdadeiro programa de apoio às pequenas empresas que não conseguem acompanhar o ritmo descadenciado de um governo que a todo instante modifica as regras do jogo e causa estragos no mercado interno? O BNDES não tem a função de agir nesta área quando se faz necessário? Ou é apenas mais um rótulo para empregar dedicados cabos eleitorais e agenciadores no mercado de compras de votos para medidas impopulares e camuflar desvios de verbas para portentosas fazendas dos amigos da elite?
A partir deste quadro, cabem as seguintes perguntas (resta saber quem tem as respostas e se está interessado em divulga-las - ou teremos de obte-las por escuta não oficial?):
a) Por que a Polícia Federal não corre atrás dos patifes que sangram nossos cofres com suas devastadoras canetas ao invés de enviar tropas truculentas contra esfomeados sem-terras que subtraíram algumas sacas de macarrão para alimentar seus filhos desnutridos? Talvez porque estes não patrocinem campanhas eleitorais.
b) Por que as patrióticas entidades que gritaram contra as imorais atitudes de Collor agora estão caladas observando passivamente nossa perda gradual da dignidade ? Talvez sejam acionistas dos bancos que produzem polpudos lucros.
c) Quando a imprensa amestrada vai se libertar e manter com seriedade a cobrança das respostas das questões que cobramos há dezenas de anos? Talvez quando as notícias fabricadas nos luxuosos escritórios dos palácios da elite não conseguirem mais manter o povo anestesiado e subjugado.
d) Até quando as figuras de destaque da sociedade vão ficar contemplando a queima da lona do circo por um fogo que AINDA pode ser combatido? Talvez quando os mutilados passarem a dormir nas entradas de suas luxuosas residências.
Haroldo P. Barboza – Professor de Matemática, Analista de Computador e Poet@