Pode até não parecer, mas os protestos contra o aborto promovidos pelas entidades religiosas tem lá o seu quê de DEMAGOGIA. É inegável que numa democracia qualquer um de nós temos o direito de protestar contra ou a favor ao aborto, ao casamento gay, ao direito das minorias ou contra ou a favor a qualquer outra coisa. O que não se pode pode é negar às mulheres o direito de, ao se engravidar, seguir ou não com a gravidez. Tentar impedir a sociedade e o parlamento – o representante legítimo e direto de todos nós, os cidadãos – de discutir a legalização do aborto é uma atitude antidemocrática, o que não condiz com a Constituição Brasileira. A função do Estado não é obrigar uma mulher a gerar um filho que ela não quer e que provavelmente tornar-se-á um peso para o próprio Estado mais cedo ou mais tarde, pois frutos de gravidez indesejada em muitos casos se tornam filhos indesejados e os quais acabam responsabilizados por fortuitos dos pais e por isso mesmo são rejeitados e finalmente abandonam o lar e caem no mundo do crime. Isso não é novidade! Qualquer ser humano com um mínimo de discernimento sabe que as coisas funcionam assim. Só não ver que não quer ou finge que não ver por conveniência, como é o caso das entidades religiosas que, com a desculpa de que defendem a vida, ainda sim preferem uma vida desfeita, um lar destruído, um filho rejeitado e o qual sofrerá por toda a vida à evitar que isso venha a ocorrer com a interrupção da gravidez nas primeiras semanas, quando na realidade, o embrião ainda não é um ser humano propriamente dito. O direito ao aborto é tão somente a permissão para que a mulher possa fazer uma escolha. E embora este seja um direito que provavelmente poucas irão exercê-lo ainda sim o fato de não ser um direito afronta a liberdade de escolha. De forma que àqueles que se posicionam contra o aborto agem de forma demagógica ao defender a vida a qualquer custo, quando na realidade pregam o sofrimento justamente porque é no sofrimento alheio onde as igrejas colhem os mais valorosos frutos.