A presidenta Dilma Rousseff parece ter ouvido o clamor das ruas e acatado algumas das propostas dos manifestantes; no entanto, seu poder de pô-las em prática é limitado. Aliás, é tão limitado que teve de recuar no dia seguinte em uma dessas propostas. A sugestão de uma Constituinte foi amplamente descartada tanto pelos parlamentares quanto alguns juristas. E mesmo naquelas propostas onde há um grande consenso, ainda sim estas esbaram no fisiologismo do parlamento brasileiro, onde os parlamentares não votam contra seus próprios interesses, mesmo que esses interesses vão de encontro ao clamor popular. Por outro lado, algumas das propostas já estão tramitando no Congresso há mais de 10 anos, portanto por duas ou três legislaturas e ainda sim não se chegou a um consenso para a sua aprovação. Embora a pressão popular possa pressionar os parlamentares a aprová-las é pouco provável que sejam aprovadas, o que não corresponderá aos anseios dos manifestantes. Assim, apesar de ter atentado para as reivindicações dos manifestantes e dado uma resposta, as promessas da presidenta pode esbarrar no Congresso e frustrar aqueles que foram para as ruas. Embora na maioria das manifestações Dilma tenha sido de certa forma poupada, talvez porque o brasileiro sabe que a maioria dos males que assolam o país não seja culpa dela, uma nova frustração pode levar os mesmos manifestantes a culpá-la por falta de pulso e não ter se empenhado mais ou até mesmo por incapacidade política. Para o bem do Brasil e da própria democracia, tomara que isso não venha a ocorrer.