O discurso da Presidenta Dilma na ONU contra a espionagem americana foi um discurso duro, corajoso, contundente e deixou os Estados Unidos na defensiva, como muito bem frisou a imprensa internacional. No entanto, apesar dela ter toda a razão, uma vez que a soberania brasileira e o direito à privacidade do cidadão foram violados, Dilma fez muita tempestade num copo d`água. É sabido que os EUA espionam o resto do mundo e embora o Brasil seja um país democrático, pacífico que vive em paz com seus vizinhos há mais de 100 anos e não abriga terroristas como Dilma muito bem frisou, não teria porquê eles não nos espionar. Contudo, nenhum outro país se queixou com tanta veemência dessas espionagens quanto o Brasil, transformando isso inclusive num grave incidente diplomático. E por que Dilma agiu assim? Essa é a grande questão. Como eu disse num outro artigo (você pode lê-lo AQUI), a questão é puramente política. Depois das manifestações de rua que ocorreram em junho, a popularidade da presidenta despencou rapidamente e a sua reeleição, que parecia garantida, ficou seriamente ameaçada. E esse escândalo caiu-lhe como um prato cheio. Era o argumento que lhe faltava para recuperar sua popularidade. Ela só precisava descobrir como tirar o melhor proveito disso, o que aliás não foi difícil. O brasileiro, em sua grande maioria, vê os EUA como imperialista e arrogante, o qual se acha o dono do mundo, embora nenhum brasileiro deixaria de viajar aos EUA se tivesse uma oportunidade. Portanto, uma reação contra os EUA vai agradar inclusive os críticos da nossa mandatária, principalmente àqueles que viam na política externa brasileira o elo mais fraco do seu governo. Assim, Dilma mostrou na ONU que é uma líder capaz de não só encarar o presidente Barack Obama de igual para igual como também deixá-lo na defensiva. Agora eu pergunto: os EUA vão se importar de fato com o discurso da presidenta Dilma? Provavelmente não. Mas não há dúvida de que isso fará sua popularidade interna crescer significativamente como vai lhe render muitos votos. O resto é retórica, nada mais.