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Artigos-->Colher de ferro -- 11/10/2013 - 13:03 (Brazílio) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Hoje delas já não se vê. Ou tenho ido menos a cozinhas alheias? O certo, contudo,



é que reinavam, em meio às panelas e caldeirões igualmente pretos da fumaça do



fogão a lenha. Contudo a colher preta era de nascença. No seu aspecto tosco forma



e acabamento, se via que eram feitas artesanalmente, embora numa medida quase



invariável de uns 30 centímetros. Sua maior aplicação era para mexer o feijão.



O feijão que levava horas e horas para cozinhar, do amarelinho ao mulatinho, do



pintadinho até ao pretinho.



Dizia-se que essas colheres eram feitas da fusão de enxadas ou ferraduras velhas



já imprestáveis mas sempre prontas a uma nobre metamorfose. Nunca vi, só



imaginei, o processo, contudo o resultado era aquele sucesso.



E como descrever uma colher dessas, senão dizendo que era arredondada na



concha, quadriculada no cabo e, na pontinha, formava-se em argolinha, que lhe



servia para pendurar em algum prego ou gancho. Boa era também para `machucar`



o feijão que, mesmo bem cozido, precisava dum amasso de regra para ir à mesa



como convém - e dar o caldo, além.



Raramente, todavia, iam essas colheres à copa, ou à sala. Continham-se nos



confins da cozinha e encontravam o descanso, enquanto a talherada miúda entrava



em ação - e em bocas famintas.



Uma das virtudes dessas colheres - que feito a abelha rainha, não eram de ter



pares em seus lares - é que ganhavam dignidade e sinais de envelhecimento com



o tempo. Uma delas - exibia-a vitoriosa a Tia Isabel, mais comumente, a Tibebé,



ela também mais à vontade entre os cozidos do que entre os convivas - dava



gosto ver: de tanto feijão mexer, e fundo de panela friccionar, de tanto afinar,



gasta o quanto basta, virara uma só pelotinha, na pontinha do cabo, mais uma



caricatura `of her former self`. E embora das lides aposentada, era orgulhosamente



apresentada. E feito mulher, gosta de se meter, a colher.
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