"O tempo deveria ser multado por excesso de velocidade."
[Petrônio Pereira Bax, poeta, pintor, escultor e desenhista, apud TOSTÃO in: O tempo passou. Folha de São Paulo, domingo 24/03/2002, caderno ESPORTE, pág. D 7]
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Tostão, Rubens Ricúpero e Luis Nassif fazem, e isso já não é de hoje, o melhor jornalismo cultural da assim chamada grande imprensa. Os três escrevem na FOLHA aos domingos, todos eles devidamente ocultados do leitor dos cadernos culturais.
Tostão escreve no caderno ESPORTES, onde o excelente José Roberto Torero não consegue a mesma fluência e graça dos tempos do Jornal da Tarde. Ricúpero e Nassif escrevem no caderno ECONOMIA. O primeiro é, de longe, o mais culto e erudito dos articulistas em atividade no país, sem a ejaculação precoce dos nossos jovens mais afoitos. O segundo é responsável pela única coluna sobre música popular informada e legível nos nossos grandes periódicos.
Pergunta-se: por que será que ficam circunscritos aos poucos aventureiros que ainda encaram o pífio caderno de esportes do jornal e o indevassável universo dos falantes do economês?
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Por falar em economês, sou dos que insiste em acompanhar esse jargão para tão poucos, chegando mesmo a pinçar, de quando em quando, alguns momentos de luminosa clareza:
"É muito perversa a aritmética dessa crise, em que impera a subtração." (de um edital da Folha, no domingo, dia 03/02/2002)
Ou então:
"Oito anos que mudaram o Brasil e alteraram substancialmente as possibilidades do nosso bolso." (me esqueci de anotar a fonte)
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Perguntinha idiota:
Quem decretou, que mal eu me pergunte, que todo senador ou vereador é "nobre"?
Gilberto Dimenstein, sobre as eleições:
"Se alguém quiser se enganar com as ilusões dos candidatos, paciência."
Um leitor, ao ver Saulo Ramos na defesa da governadora Roseana:
"Por instantes, pensei que o artigo era sobre Madre Tereza de Calcutá."
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E para quem acha que a Xuxa, de escoteira, e com aquela sua eterna vozinha de menor de idade (ou, diria o Zé Simão, de "criancinha de Centro Espírita"), seja apenas uma pantomima inoxente:
"O cenário que vivemos atualmente no planeta configura o que Thomas Hobbes denominou [de] estado de natureza ou estado de guerra de todos contra todos."
Um programa que se chamaria:
G E N T E C U L P A D A !
Uma vez, um amigo imaginou um produto fantástico para o mercado fonográfico: as histórias da carochinha narradas por Gil Gomes. Com a sua imitação dessa voz em "Chapéuzinho Vermelho", ele criou, para a roda de amigos, um número inexcedível, fantástico, perfeito.
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Engraçado como o Ciro Gomes insiste em parecer bronco, não é mesmo?
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Numa gelada: A galera da CASA DOS ARTISTAS (da anterior, vocês sabem) garantem a credibilidade das ofertas e preços do PONTO FRIO!
SÉCULO XXI: Em termos de publicidade, aqui na Califórnia brasileira o que pega mesmo é carro-alto-falante. E eles adoram os horários da manhã e as fachadas dos prédios!
O slogan da Casa das Calcinhas (leia-se: GLOBELEZA):
CUSTA POUCO SEDUZIR
Biquini ou tanga: 9,90
Soutiens: 12,90
Coorseletes: 19,90
[bem que poderiam incluir uma camisinha na sedução, digo, na promoção, e principalmente na promocinha, não é verdade?]
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Descobri, na coluna do Elio Gaspari, que a minha foi uma das 5.350 teses de doutorado produzidas no ano de 2001. Bem que eu podia ter me livrado desse mico! Mas quem manteria este meu ócio usineiro?
Sobre essa volumosa contribuição à ciência:
"São arquivadas nas instituições onde foram produzidas e ponto final."
Eu só acrescentaria: E viram uma linha nos relatórios acadêmicos e nos curricula (argh!).
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"O sol nas bancas de revista
me enche de alegria e preguiça
quem lê tanta notícia, eu vou
por entre fotos e nomes
os olhos cheios de cores
o peito cheio de amores vãos
eu vou, por que não
por que não?
(Caetano Veloso: "Alegria, alegria")
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Títulos:
"Saracoteios, tateios e outros meneios", do Prêmio Nobel espanhol Camilo José Cela, recentemente falecido, dono de um outro título belíssimo e intraduzível: "Pisando la dudosa luz del dia".
"O amor e outros objetos pontiagudos", coletânea de contos de Marçal Aquino (São Paulo, Geração Editorial, 1999, Col. Território Brasileiro 2))