ESPECTROS DE AMOR
Francisco Miguel de Moura
Tentei um poema do nada... Que nada?
Um espectro aparece ante o espelho:
Quem lá estava? Minha própria (al)face?
Risquei o rascunho e fechei-me os olhos,
A dor me fez abri-los... E o espelho lá,
Mostrando a outra face a devorar-me
De pena e raiva, choro sem lágrimas:
Mágica de doido, fiquei a imaginar
Um conto, fadas... Que conto de horror!
Vi quando as feras já se quebravam:
As cobras vivas engolindo a sala.
Pisei por cima de espelhos minúsculos,
Olhei-me sem ver nem ouvir fala.
Agora não tenho como acalmar-me,
Nadando, afogado, diante do nada.
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*Francisco Miguel de Moura, poeta brasileiro, nascido piauiense, mora em Teresina, a Capital mais verde do país, por isto apelidada de “Cidade Verde”, pelo ilustre escritor Coelho Neto.
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