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Artigos-->Censura ou medo da verdade -- 23/08/2000 - 20:24 (Fabrício Sousa Costa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A censura constitui-se na prática mais amoral, pois além de privar a divulgação de fatos, inibe a prática da justiça.

A primeira pergunta que se faz é: qual é o motivo de se proibir a veiculação de notícias tão bem embasadas nas investigações da Polícia Federal e a autenticidade comprovada pelo Prof. Dr. Ricardo Molina? Quem lutou para proibir a edição da reportagem do Correio Brasiliense deve tanto que recorreu à justiça para que a população não ficasse sabendo dos delitos ou não é simpático à democracia. Se a primeira conclusão estiver correta, devemos sepultar as esperanças em uma justiça terrena. Se, ainda, estiver correta, nossa justiça estaria dando um grande exemplo de impunidade, estimulando milhares de pessoas a pensarem que a contravenção é uma boa saída para a crise econômica e é respaldada por uma “justiça” alheia ao seu compromisso. Não ser simpático à democracia é um ponto tão medíocre que eu não quero nem pensar nessa hipótese, assim excluo a possibilidade do surgimento de uma luta oposicionista não democrática.

A segunda pergunta é: esse episódio é o triunfo do mal sobre a justiça? A resposta deveria ser positiva, entretanto prefiro não pensar nisso a ter de voltar a sonhar com uma atitude pouco democrática – mesmo que a postura do Sr. Governador nos leve a essa opção.

O triunfo do mal sobre a justiça, também poderia ser a vontade de deixar o povo ignorante, alheios aos fatos, como o desvio de conduta do Governador Joaquim Roriz e sua equipe investigados e gravados pela Polícia Federal. Não. Acho melhor não acreditar nessa hipótese, pois, caso contrário, acharia o meu povo ignorante por aceitar calado esta brutal censura. Tenho certeza de que nossa sociedade brasiliense não é desinformada, e não aceitará tamanha barbaridade. Creio que a resposta virá ou nas ruas ou no próximo dia 27 nas urnas.

Também prefiro não crer que a Justiça Federal está sendo usada pelo Sr. Governador Joaquim Roriz, por mais que eu veja o Sr. advogado do governador entrar na redação do Correio Brasiliense com toda pompa de juiz ou dono da justiça. Tenho quase a certeza de que a decisão judicial será revista pelos competentes magistrados, responsáveis pela decisão respaldada pela lei maior. Tudo não passará de uma decisão equivocada, tudo voltará ao normal. A justiça entenderá que o povo tem o direito de conhecer tudo o que se passa ao seu redor, sobretudo antes de uma eleição tão importante. O povo não gostaria de exercer a cidadania do voto equivocadamente. E se o teor das investigações realmente for o que tudo indica que é, o povo tem de saber. O povo não quer eleger nenhum político corrupto.

Quero deitar a cabeça no meu travesseiro e poder acreditar que o nosso país é justo e que a justiça vai garantir o processo democrático de informação e punição para quem realmente deve explicações ao povo e à justiça.

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