Caçador veterano
Seu Eufrásio, caçador veterano
Toquinho, seu fiel cão perdigueiro
Nas caçadas ele, sempre o primeiro
A açular a caça no monte ou plano
Por isso toquinho entre os demais cães
Era o preferido do velho caçador
Ao qual dedicava carinho e amor
E dava sempre pedaços de seus pães
Mas o tempo, desassociou a amizade
Aos poucos Seu Eufrásio já não via
O toquinho como o que melhor agia
E passa a tratá-lo com crueldade
Deixando de colocar sua ração
De trocar a água do recipiente
E um dia, já tão indiferente
Deixou o fiel na rua, sem razão
Toquinho, pelas ruas do bairro vagou
Como cão errante que não tem dono
Até que no umbral da porta veio o sono
No dia seguinte o pesadelo continuou
Seu Eufrásio impassível, nem ligou
Ao ver o sofrimento de toquinho
Sequer o alojou ou deu carinho
O que foi seu fiel amigo, afastou!
Certo dia, Seu Eufrásio foi caçar
Lembrou-se de procurar o toquinho
Levou-lhe pão e pedaço de toucinho
E voltou seu cão a acariciar
Convidou-o para nova caçada
Toquinho sua raiva não demonstrou
Seu Eufrásio, numa perdiz atirou
E quando já pensava comê-la assada
Toquinho sem pressa a localizou
E ali mesmo, ele se banqueteou
Pela primeira vez, ele não voltou
Foi aí, que Seu Eufrásio se tocou
Dias se passaram, e como cão vadio
Pelas ruas, abandonado à sua sorte
Toquinho passou privações de morte
Certo dia, Seu Eufrásio, sentiu vazio
No seu peito, saudades de toquinho
Cruzou parques, ruas e avenidas
Com o coração e a alma feridas
Não suportava ter ficado sozinho
Caminhou dias e dias procurando
Aquele que tratou com tanto desprezo
Certo dia levantou cedo, ficou surpreso
Toquinho vinha dormir à sua porta
Seu Eufrásio ao ver toquinho dormindo
Abriu de par em par a sua porta
Porém, toquinho, como coisa morta
Não entrou. Seu Eufrásio, então sorrindo
Foi-se acercando, com amor e carinho
Aos poucos reconquistando confiança
Foi aí, que sentiu quanta importância
É manter a amizade com toquinho !
São Paulo, 13/03/2014 (data da criação)
Armando A. C. Garcia
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