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Artigos-->BRASIL EXPLORAÇÃO DO ESPAÇO -- 16/11/2014 - 06:36 (edson pereira bueno leal) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


BRASIL EXLORAÇÃO DO ESPAÇO   - O FRACASSO



Edson Pereira Bueno Leal, novembro de 2014.



Desenvolvidos cada vez mais por empresas privadas, os produtos e serviços espaciais extrapolaram as atividades de defesa e pesquisa científica , gerando novas oportunidades comerciais em observação da Terra, sistemas de posicionamento global (GPS) , telecomunicações – especialmente para telefonia e TV digital e meteorologia, entre outras áreas.



De 2004 a 2013, foram colocados em órbita 1.236 satélites e sondas por meio de 670 lançamentos, segundo o relatório “Space Competitiveness Index 2014”. Neste mesmo período, o Brasil produziu apenas dois satélites, ambos em parceria  com a China, e não realizou nenhuma tentativa de lançamento com o VLS-1.



Mas , o programa nacional tinha graves deficiências organizacionais  a começar pela falta de gerenciamento de riscos. As deficiências no programa espaciais brasileiro começaram cedo.



Em agosto de 1961, ao final da visita de Iuri  Gagarin ao Brasil, um decreto do presidente Jânio Quadros criou um grupo de trabalho com a finalidade de criar uma comissão para tratar das atividades espaciais do país.



Desde então, o programa espacial brasileiro só produziu cinco satélites dois deles em parceria com a China e um microssatélite, nenhum colocado em órbita por um lançador brasileiro.



Para comparação, a Índia , entrou na exploração do espaço em 1963 e  já realizou 41 lançamentos de seus três modelos de foguetes a partir de 1975 e produziu 74 satélites de diversos tipos de aplicações e ainda mandou ao espaço 45 satélites estrangeiros, colocou duas sondas na órbita da Lua e enviou outra a Marte. Para isso gasta mais de US$ 1 bilhão por ano. O Brasil, de 1980 a 2011, gastou, somadas todas as ações do PNAE ( Programa Nacional de Atividades Espaciais), apenas US$ 2,7 bilhões. Além de Rússia, EUA, China, Europa , Japão e Índia, Israel, Irã e Coréia do Sul já fizeram também seus próprios lançamentos.



Na noite do dia 23 de setembro entrou em órbita de Marte a MOM ( Mars Orbiter Mission) , também batizada de Mangalyaan ( “nave marciana” em sânscrito) , tornando a Índia o primeiro país asiático a colocar em órbita em Marte um satélite.



É um feito imenso.  Em 1998 a sonda japonesa Nozomi falhou na hora de tomar a rota de Marte , e em 2011 a chinesa Yinghuo-1 ficou presa numa órbita terrestre. Russos e americanos fracassaram nas suas primeiras investidas , nos anos 1960 . Em 2003 os europeus lançaram com sucesso o Mars Express, mas que foi lançado pelo foguete russo Soyuz-Fregat.



No caso da MOM, tanto o lançador , quanto a espaçonave são 100% indianos. ( F S P , 25.09.2014, p. C-5) .



Na Índia, o programa espacial desde 1963, produziu 74 satélites para diversas aplicações , fez 41 lançamentos de três tipos de foguete  e pôs duas sondas na órbita da lua.  O Brasil no mesmo período desenvolveu apenas cinco satélites, dois deles em parceria com a China e um microssatélite. Mas não colocou nenhum com lançador próprio. Ou seja, Índia sucesso total, Brasil fracasso completo.



O estabelecimento da  CNAE ( Comissão Nacional de Atividades Espaciais , só ocorreu dois anos depois do decreto de Jânio Quadros. Mais dois anos se passaram até que fosse testados pequenos foguetes para sondagem científica da atmosfera e desenvolvimento de lançadores de satélites e de mísseis , no Centro de Lançamento de Barreira do Inferno, no Rio Grande do Norte.



Em 1969, quando a Apolo-11 colocou dois astronautas na Lua, em outubro o Brasil ainda não tinha programa espacial definido e os três ministros da Junta Militar criaram por decreto o IAE ( Instituto de Aeronáutica e Espaço), em São José dos Campos (SP), para executar projetos aeroespaciais  da FAB.



Em 1971, a CNAE foi extinta para dar lugar, fora da Aeronáutica , ao Inpe ( Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) . O governo criou no mesmo ano, a Cobae ( Comissão Brasileira de Atividades Espaciais), ligada ao Estado Maior das Forças Armadas. Com isso, o comando passou a ser militar em uma época em que nos principais programas espaciais já se estava adotando o modelo de direção civil e transferindo para a iniciativa privada a produção de lançadores e satélites.



Em 1975 , o Brasil tinha dois órgãos, o Inpe e a IAE que trabalhavam sem coordenação e que não se reportavam ao Cobae.



Em 1977  surgiu o PNAE, tendo entre suas propostas colocar um satélite brasileiro em órbita, com um lançador brasileiro, a Mecb ( Missão Espacial Completa Brasileira.



Em 1979 surgiu a proposta de colocar em órbita o SCD-1 ( Satélite de Coleta de Dados),com, o VLS-1.Em 9 de abril de 1980, o general João Baptista Figueiredo , presidente da República  deu aval ao empreendimento e liberou R$ 3,22 bilhões em valores atualizados.



Os recursos eram limitados e o PNAE teve dificuldades para a importação de componentes e cooperação internacional. Criado em 1987, por Alemanha, Canadá, EUA , França, Itália, Japão e Reino Unido, o MTRC ( Regime de Controle da Tecnologia de Mísseis),  estabeleceu embargos visando a não proliferação de foguetes capazes de transportar armas químicas  e bacteriológicas  e isso acabou prejudicando o Brasil.



Outro erro foi o de que o VLS-1 iria usar combustível sólido, em uma época em que quase todos os novos projetos já haviam aderido à propulsão líquida, que tem a dupla vantagem de liberar mais energia de impulsionamento e de usar câmaras de combustão mais leves, aumentando a força do foguete e diminuindo o seu peso. O propelente sólido tem a vantagem de não vazar, permitindo longos períodos de armazenamento.



Segundo o engenheiro-eletrônico Aydano Cardeial, que foi gerente do programa do satélite no Inpa, “A Cobae era apenas um comando militar, com uma dificuldade muito grande para compreender até mesmo aspectos básicos dos programas que gerenciava . Esse vácuo de informação foi muito prejudicial na época.



Em 1987, enquanto o Inpe estava prestes a concluir o satélite SCD-1 , o IAE estava longe de concluir o primeiro protótipo de VLS-1. Na época , o brigadeiro Hugo de Oliveira Piva, diretor-geral do CTA ( Centro Técnico Aeroespacial), propôs que fosse reduzido o tamanha e o peso do SCD-1, ao que o tenente-brigadeiro Paulo Roberto Camarinha, então ministro-chefe do EMFA e presidente da Cobae recusou  dizendo que se fosse para fazer isso era melhor “botar logo uma cabeça de negro ou um buscapé na ogiva desse foguete de vocês, e soltar”.



O SCD-1 acabou sendo lançado em dezembro de 1993, pelos EUA, na base aérea de Vanderberg, num foguete Pégasus.



Em 1994, no governo Itamar Franco, a direção do PNAE deixou de ser militar, com a criação da AEB ( Agência Espacial Brasileira), vinculada diretamente à Presidência da República. Diferentemente da Cobae, o órgão nasceu com uma equipe especializada. “Mas nunca conseguiu negociar recursos suficientes para executar programas, nem obteve resultados significativos para ampliar a participação da indústria”, diz Cardeial.



Enquanto nos programas estrangeiros as falhas de protótipos de foguetes foram superadas por resultados positivos alcançados com investimentos em testes de lançadores, o Brasil tem apenas a lembrança das tentativas de 1997 e de 1999.  Os dois únicos protótipos do VLS-1 lançados até hoje, foram detonados pela equipe de controle após a constatação de panes em 1997 e 1999. Cada protótipo custava na época entre US$ 6 e 7 milhões.



Em 2003 aconteceu  o terrível acidente de 2003 no Maranhão, que matou 21 técnicos e paralisou o sistema espacial brasileiro até hoje.  A degradação das condições de segurança era evidente.  O engenheiro húngaro, naturalizado brasileiro, Jayme Boscov, que gerenciou o programa do VLS-1 do seu início, em 1980 a 1992 pergunta: “ Por que havia 23 pessoas lá e o que cada um estava fazendo? Nada acontece do dia para a noite, há uma sequência de eventos que levaram a isso”.



Em 2003, a agência foi transferida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Ministério da Ciência e Tecnologia, mas desde 1971 existia um duplo comando e permanecia a atuação isolada do IAE e do Inpe.



Em dezembro de 2010, a empresa  Mectron, do grupo Odebrecht, foi contratada por R$ 21,5 milhões, pela Aeronáutica, para produzir o sistema de eletrônica do lançador. O prazo de entrega era agosto de 2012, foi adiado para dezembro de 2014 e que também não vai ser cumprido.



Com isso são 25 anos desde a primeira data marcada para a estreia, em 1989 , desse lançador com pouco menos de 20 metros de altura, um metro de diâmetro, peso de 50 toneladas e projetado para levar uma carga de 380 kg a uma órbita a 700 km de altitude.



Os motivos deste fracasso são a aplicação insuficiente de recursos, a ausência de um comando unificado, a falta de uma gestão com foco em resultados e o baixo grau de integração com a indústria. ( F S P , Ilustríssima, 10.08.20914, p, 4-5) .  


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