Este artigo foi escrito em novembro de 2014, poucos dias após o seguindo turno das eleições presidenciais, e foi publicando no MEU BLOG. Com o meu retorno à Usina de Letras, resolvi postá-lo agora, pois ainda me parece bastante atual.
Embora muitos discordem, não há como negar que a eleição da presidenta Dilma foi legítima e democrática. Os ataques mútuos e a baixaria de ambos os lados não afetou em nada o processo eleitoral e o brasileiro não teve o seu direito de escolha cerceado, como costuma acontecer nos regimes autoritários. E o mais importante: não houve fraude, o que de fato teria tornado o processo ilegítimo.
Uma parte considerável daqueles que apoiam Aécio Neves reagiram de forma irracional e, inconformados com a derrota, acusaram injustamente os nordestinos pela derrota do candidato do PSDB, quando, na realidade, Dilma venceu em outros estados, os quais não faziam parte do Nordeste, e teve votação expressiva no Sudeste. Ora, acusar a população dessa ou daquela região pela derrota de seu candidato não tem o menor cabimento. Esse é preço da democracia. Não vamos nem entrar no mérito do preconceito contra os nordestinos, pois isso não merece discussão.
Outro argumento dos derrotados que não se justifica é a alegação de fraude devido à demora em sair os primeiros resultados, os quais, ao serem disponibilizados, já mostravam Dilma na frente. O processo eleitoral brasileiro é considerado um dos mais seguros do mundo e exemplo para muitos países. Apesar de não existir sistema imune à fraude, as urnas eletrônicas são seguras. Então não há porque questionar o processo. O falto dos resultados terem saído quando a totalização já estava no fim talvez seja a justificativa daqueles que alegam fraudes, mas não devemos esquecer que o envio de dados é feito diretamente pelos locais de votação e os quais são fiscalizados por representantes dos partidos em disputas. Isso, se não impede a manipulação dos votos, dificulta em muito, tornando praticamente impossível. Os dados não foram disponibilizados antes por causa do fuso horário, uma vez que no estado do Acre, a votação só foi encerrada por volta de 20:00 horas. Nos estados onde a eleição encerrara três horas antes, os votos já tinha sido totalizados, mas não poderiam ser divulgados para não influenciar aqueles que ainda não tinham votado. Aliás, foi a primeira vez que o segundo turno ocorreu após o início do horário de verão. Enfim. Mais um argumento sem o menor fundamento.
E por último, alegar que o PT fez terror eleitoral e consequentemente influenciou muitos eleitores também não se justifica. De fato, a campanha da Presidenta Dilma jogou sujo contra Aécio Neves, mas o jogo sujo ocorreu dos dois lados. Aliás, isso não é caso típico da política brasileira. Nos EUA esse jogo sujo também ocorre, embora não de forma tão baixa como ocorreu no último pleito. Aliás, o próprio PT foi vítima desse jogo sujo em 1989, o qual de fato influenciou o resultado das urnas, mas essa influência não ocorreu no último pleito. Aliás, só idiota acreditaria que a reportagem da revista Veja contra a candidata Dilma não teve a intenção de influenciar o eleitor e ajudar a campanha de Aécio.
Na falta de argumentos consistentes para questionar a eleição de Dilma, aqueles que ainda não se conformaram com a derrota, embora Aécio e o próprio PSDB já a aceitaram, vêm articulando movimentos na intenção de provocar o impeachment da presidenta eleita. Se fosse feito no último ano ainda se poderia dar alguma legitimidade ao movimento, mas agora não passa de um oportunismo barato e sem o menor fundamento. Dilma acabou de ser eleita e não há clima político e nem justificativa plausível para iniciar um processo de cassação. Até porque a legislatura do Congresso está no fim e o novo Congresso empossado não o fará, a não ser que surja um fato muito grave que justifique tal processo.
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