Concordo, integralmente, com os comentários do Mestre Egídio, em sua publicação intitulada “Um Gênio Entre Plagiadores”.
No referido texto, o Mestre faz alusão à frase de autoria de um usuário deste site, na qual se depreende que o autor de tão audacioso pensamento conclui que, salvo aqueles em que o raciocínio produz textos de improviso, “saídos à flor da pele sem recurso à estante do pensamento”, ele quase não tem encontrado no Usina de Letras um texto que não seja fruto de saber acumulado e produzido pelos grandes sábios e pensadores da humanidade.
A primeira indagação que me vem à mente seria a de como é possível admitir que um ser humano, igual a qualquer um de nós, simples mortais, poderia ter a pretensão de reunir, em torno de si, unicamente, todo o conhecimento produzido,até aqui, pela humanidade. Sim, porque sua afirmativa pressupõe esse conhecimento integral, de vez que, ao contrário, sem esse conhecimento prévio, de todos os pensamentos e idéias até agora produzidos, desde o início do mundo, ele não teria condições de diferenciar o texto “espontâneo”, “saídos à flor da pele”, daqueles produzidos pelos grandes pensadores.
Ademais, há que saber, ainda, a quem se refere o inusitado pensador, quando elabora sua assertiva. E isto porque, à exceção de Adão e Eva, não conheço mais ninguém que não tenha se valido de sua experiência, da experiência alheia, de sua capacidade de observação e de análise, de sua experiência própria e da experiência alheia para formar juízo acerca de qualquer assunto e emitir ou expressar um novo pensamento, ratificando ou retificando o anterior. Ou, simplesmente, estabelecendo um novo pensamento ou uma nova idéia.
Ou então, a prevalecer a opinião do autor da frase, todos os seguidores dos grandes mestres seriam meros clones intelectuais do seu professor. As grandes teorias, por sua vez, não poderiam ser aceitas ou questionadas, pois as teorias, como se sabe, sempre partem de uma idéia inicial, de uma estrutura de pensamento já formada, já pensada. A Teoria da Relatividade, por exemplo, nem chegaria a ser cogitada. E a Teoria Quântica, na seqüência do raciocínio, não seria estabelecida.
Suspeito, inclusive, que o autor da frase tenha se valido do famoso pensamento segundo o qual “Nada se perde, nada se cria, tudo se transforma”Sendo assim, ele também não poderia estar incluído entre os sábios, o que seria uma pena.
E Deus, como ficaria nesta história? Depois dele, que é sábio, que é misericordioso, que razões teria para conceder às suas criaturas o livre arbítrio? Para que o livre arbítrio, se Ele de tudo sabe, e tudo pode?
Às vezes, por não levarmos em conta a opinião dos outros, a respeito de qualquer assunto, somos obrigados a cair em armadilhas que seriam facilmente evitadas se tivéssemos a humildade de discutir uma idéia com os outros para que, a partir deste encontro de adversidades, convergências e divergências, pudéssemos avançar com as idéias e os pensamentos, criando novos questionamentos e assim por diante.
O conhecimento é desse jeito mesmo. Se faz por partes, tal uma construção. A cada dia colocamos mais um tijolo. Assim acontece com a Engenharia Civil. Que aprendeu com a experiência dos mais antigos. Depois de cada descoberta seguem-se novas descobertas, baseadas na anterior. O átomo, a energia atômica, os submarinos atômicos; a engenharia elétrica, eletrônica seguem subindo as escada do progresso. Vieram os computadores, os telefones celulares. A biologia auxiliando a engenharia. Bebês de proveta. Alimentos transgênicos. Clones de animais e clones de órgãos humanos. E assim caminha todo o conhecimento. Tal como as corridas nas olimpíadas. Quem está mais atrás, passa o bastão para o da frente, que o leva para primeiro da fila. Todos emprestam um pouco do seu conhecimento para a vitória final. Que, á cada vez, se renova, com novos recordes. .Não existe, entre os seres humanos, conhecimento puro. Todo o conhecimento parte, em tese, do que já existe na natureza. E o que existe na natureza não foi criada pelo homem,. Mas pelo Criador, Deus. Daí para cá, não se pode falar em conhecimento puro, solitário, sem influência de nada.
