KOELLREUTTER: EVENTOS EM TIRADENTES E SÃO JOÃO DEL-REI
Resenha dos dias 01 a 03 de setembro de 2006.
L. C. Vinholes
Graças ao costume de anotar aquilo que julgo importante e capaz de ter algum valor futuro, minha decisão de participar dos eventos relacionados à criação da Fundação Koellreutter resultou em gratificação inestimável da qual, até hoje, sinto os efeitos positivos. Neste momento em que se comemora o centenário do nascimento do mestre que, pelas razões sobejamente conhecidas, mais se distinguiu no ensino renovador da música no Brasil na segunda metade do século XX, decido compartilhar a resenha com sucintas informações daqueles eventos, principalmente com os das novas gerações e com aqueles que, contemporâneos, deles não participaram.
Dia 01/09
Nas primeiras horas da manhã, fui à residência de Margarita Schack para cumprimentá-la e tomar conhecimento da programação para os dias 2 e 3. Chegando à entrada da loja do Centro Aura Soma Paz (CAP), onde ela exerce suas atividades espirituais e comercializa amuletos e lembranças diversas, encontrei Margarita bastante preocupada com os preparativos para os eventos do dia seguinte. Apresentou-me ao seu secretário Marcos e levou-me para conhecer o auditório onde seria realizado o ato de apresentação de depoimentos e música. Naquele momento Margarita perguntou-me quantos minutos eu gastaria para os depoimentos que eu levava comigo. Respondi que no máximo uns 10 minutos. Preocupada com o tempo da programação, pediu-me que fosse o mais breve possível, que resumisse e não se mostrou interessado no mini-happening que eu propora.
Durante todo o dia, na companhia de Helena, sua irmã Maria José e da prima Nezinha, percorri a cidade e realizando passeio, entre Tiradentes e São João del-Rei, no trem Maria Fumaça, um dos atrativos turísticos da região. Em São João del-Rei visitei o centro histórico, a Igreja Matriz e a tradicional fábrica de objetos de estanho.
Ao retornar a Pensão Arco Iris, à Rua Frederico Ozanan nº 340, a proprietária senhora Carmelita, informou-me de que Marcos telefonara e necessitava falar comigo. No telefonema de retorno Marcos reiterou o pedido de Margarita para que fosse o mais breve possível nos depoimentos, “pois logo após seria realizado um coquetel para dar oportunidade aos presentes de confraternizar e conversar uns com os outros”. Afirmei ao referido senhor que seria tão breve quanto o não esperado e que de fato eu devia agir assim, pois nada é mais importante do que um coquetel e que o mesmo não poderia ser prejudicado por longos depoimentos.
Em vários momentos, no decorrer deste dia, para mim mesmo lembrava a data de nascimento de meu pai que, se fosse vivo, comemoraria 107 anos de vida.
Dia 02/09
Por volta das 09h30, a caminho do vilarejo de Bichinho, a 8 km de Tiradentes, encontrei meu amigo Antonio Carlos Borges Cunha, regente, compositor, ex-aluno de Koellreutter e professor da PUCRS, na companhia de José Staneck, o insuperável executante de harmônica, a tradicional gaita de boca. Combinei com Antonio Carlos de chegar um pouco mais cedo à missa que seria rezada às 16h para conversarmos a respeito da retomada do projeto do CD com minha produção musical.
Às 15h30 encontrava-me em frente da Matriz de Santo Antônio que fica na colina ao lado da casa de Margarita que pode ser vista do pátio da sua residência. Pouco a pouco chegaram os convidados e os que, habitualmente, freqüentam os atos religiosos da Matriz.
Com minhas acompanhantes, sentei-me em um dos bancos do lado esquerdo da nave de quem entra na Matriz, vendo do lado direito a Antonio Carlos, José Staneck, Eladio Perez Gonzalez, Tim Rescala, Edino Krieger, Teca Alencar de Brito, Ana Maria Azevedo e outras pessoas que não conheço. Em bancos situados em ambos os lados, acima do primeiro degrau de acesso ao altar, estava Margarita, alguns senhores, Pedro Paulo e Cláudio, filhos de Koellreutter, com suas respectivas esposas, além do neto Lucas, filho do primeiro. Senti falta de Michael o filho baiano e de muitos ex-alunos de Koellreutter, meus contemporâneos em atividade. Antes de começar a missa, Margarita aproximou-se dos que estavam sentados à direita fazendo a apresentação de um dos senhores que estava a seu lado e que durante a missa, quando tomou da palavra, fiquei sabendo tratar-se do Reitor da Universidade de São João del-Rei (UFSJ), professor Helvécio Luiz Reis.
A missa começou com algum atraso e contou com música ao vivo apresentada por Staneck (Siciliana e Sarabanda de J. S. Bach), bem como com saudações de Margarita e do reitor, exaltando a personalidade de Koellreutter e singularizando suas idéias. O mesmo fez o pároco celebrante.
Durante sua saudação Margarita chamou a atenção de muitos quando anunciou que tinha providenciado que “as cinzas do professor Koellreutter fossem transformadas em um diamante que seria entregue à Fundação Koellreutter para figurar do Espaço Koellreutter, criado para abrigar todo o acervo do seu marido, doado à UFSJ”.
No silencioso e formal ambiente da Matriz apenas três pessoas, de um lado para outro, movimentavam-se cuidadosamente: Ana Maria e Gertz Palma que, filmando e fotografando, se responsabilizaram por “registrar todos aqueles momentos para que pudéssemos desfrutar futuramente”. A terceira figura em movimento, alheia às saudações do reitor e de Margarita, foi a menina de 5 anos de idade Isabella de Azevedo Palma que, tranquilamente, brincava próximo ao banco onde eu estava.
Logo após o término da missa, por volta das 17h15, os convidados dirigiram-se à residência de Margarita, cuja entrada principal fica localizada na Rua da Câmara, nº 3, na lateral a da entrada da loja do CAP.
Iniciado o ato intitulado Relembrando Koellreutter, Margarita do meio da nave anunciou: “Koellreutter está chegando” e pela porta de entrada da Matriz habilmente manipulada por um titereiro uma marionete de pouco mais de 30 cm de altura, habilmente confeccionada, todos viram a figura do homenageado, imitada inconfundivelmente, deslocar-se lentamente até ocupar acento à esquerda do tablado do CAP. Ato continuo, Margarita deu as boas vindas ao público e passou a palavra ao reitor. Este comentou que pouco sabia do professor Koellreutter, mas que, nos últimos oito anos, sedimentou a amizade com Margarita e manifestou sua imensa satisfação por ter, em boa hora, tido o privilégio de acolher a idéia da Fundação por ela apresentada. Ato contínuo, Staneck apresentou o primeiro movimento da peça Dharma, para hamônica, a ele dedicada por Koellreutter. Logo em seguida, Margarita apresentou a violonista Ana Maria Azevedo dizendo que ela e Staneck, executariam o Samba que Koellreutter “determinou a Tom Jobim compor utilizando uma só nota”. A parte de música ao vivo terminou com a execução de duas outras músicas de Tom Jobim na interpretação/arranjo de Ana Maria, do também violonista Gertz Palma e de Staneck.
A fase dos depoimentos foi iniciada por Edino Kreiger que lembrou o início do seu relacionamento com Koellreutter e o papel que ele desempenhou na formação de outros músicos na década de 1940, entre eles citando Cláudio Santoro e Guerra Peixe, e a influência do seu pensamento e de suas idéias renovadoras. Depois, Antonio Carlos lembrou o tempo em que estudava com Koellreutter, às vezes em que esteve em São Paulo e se hospedou no apartamento do mestre e tocou a gravação de uma versão por ele preparada da Concretion 1960 apresentada em Porto Alegre em concerto comemorativo aos 90 anos do compositor. A seguir, Teca comentou sobre os ensinamentos recebidos de Koellreutter, inseridos no seu livro “Koellreutter Educador O Humano como Objeto da Educação Musical” e informou estar em fase final seu novo livro sobre o mestre que qualificou como determinante na orientação que imprime na escola que mantém em São Paulo. John Persons intelectual inglês há décadas residente em Tiradentes, ajudado por sua esposa Anna Maria Parsons, referiu-se detalhadamente aos eventos de caráter multidisciplinar promovidos em sua residência, um belo casarão colonial naquela cidade, dos quais Koellreutter participava como figura central. Anna Maria por sua vez manifestou interesse de voltar a promover encontros como os referidos por John. Terminada a apresentação de John e Anna Maria Parsons, Margarita aproxima-se de onde eu estava sentado e, em voz baixa, mais uma vez recomendou-me ser breve no depoimento.
Levantei e levei comigo minha pasta, estilo 007, que depositei no único degrau do palco, o estrado do auditório do CAP. Improvisei o que gostaria de dizer, recordando as providências que Koellreutter tomara na Prefeitura da minha cidade para que eu recebesse bolsa-de-estudo para ir ao curso de Teresópolis em 1953; o convite que me fizera para ser seu secretário e secretário da Escola Livre de Música da Pró-Arte em São Paulo; o trabalho com os preparativos com a realização do I Seminário Internacional de Música da Bahia; minha entrada como crítico de música do Diário de São Paulo em substituição a Koellreutter que fora designado diretor da recém-criada Escola de Música da UFBA; a vinda a São Paulo da compositora Kikuko Kanai e do bailarino Masami Kuni e da influência que este teve na formação de uma concepção nova de dança no Brasil; a minha ida para o Japão; meus estudos no Departamento de Música da Universidade de Tóquio o no Departamento de Música do Palácio Imperial. Resumi dizendo que minha gratidão a Koellreutter estava no fato de ter aberto caminhos para que eu aprendesse a pensar diferente da forma tradicional do Ocidente, vivenciando um clima de liberdade de pensamento, de vida, de concepção de arte, de valorização de novos parâmetros etc. Comentei a ausência de referências ao período dos anos de 1950, aqueles que deram forma ao trabalho desenvolvido por Koellreutter com a criação da Escola Livre de Música da Pró Arte. Lastimei, apesar de dizer que compreendia a ausência quase que total dos alunos e amigos daquela década e fiz questão de mencionar a presença de Norma Graça Silvestre e de seu esposo o cravista Felipe Nabuco-Silvestre, sentados no fundo do pequeno auditório. Anunciei que estava de posse de dois depoimentos de alunos e amigos de Koellreutter que assim como o meu, para poupar tempo, não seriam lidos e frisei que faria a citação dos dois nomes por ordem alfabética: Antonio Galvão Novaes e Brasil Eugênio da Rocha Brito, e que este, a pedido do mestre, fora o revisor do Manual de Harmonia de Jazz e autor do Ábaco para análise de acordes da harmonia funcional, incluído em obra do mestre. Ofereci os dois depoimentos e o meu ao Reitor que se encontrava sentado na primeira fila, ao lado de Margarita e do vice-reitor da UFSJ. Comentei ao público que sempre tive por mania guardar papéis e que Koellreutter, em certo dia em 1956, perguntara “o que você vai fazer com tanto papel?”, ao que respondi: o tempo dirá. Abri a pasta e comecei a fazer a entrega, diretamente ao reitor, das 23 partituras, inclusive a da única cópia existente da Fanfarra de Inauguração, para a abertura do Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, tida como perdida, e do original da partitura de Concretion 1960, por mim publicada pela Shin Nippaku Collection, editora que criei em Tóquio para divulgar arte brasileira; de uma coleção de 48 cartas da correspondência que Koellreutter e eu trocamos entre 1957 a 1964, inclusive uma carta de Koellreutter em japonês; dos originais manuscritos e datilografados dos artigos que ele mandava quando em viagem e que eu, depois de datilografar em papel apropriado, levava à redação do Diário de São Paulo para publicação; de algumas das apostilas das aulas de estética da música de 1954; cópias de capítulos de uma história da música que ele pretendia escrever; e outros documentos: retratos; discursos de inauguração e encerramento do I Seminário Internacional de Música da Bahia; seus curricula em português, inglês, alemão e japonês; cartão de visita em japonês e alemão de quando diretor do Instituto Goethe de Tóquio etc. Tudo isto foi capeado por uma carta dirigida ao Reitor a ele pessoalmente entregue.
À medida que eu tirava da pasta o material acima referido e fazia entrega ao reitor, o público aplaudia, inicialmente sentado e depois de pé, e muitos choravam de emoção. O reitor, também emocionado, abraçou-me e agradeceu a doação brincando que durante todo o tempo em que eu falava ficou olhando com curiosidade para minha pasta sem nunca imaginar o que dela sairia.
O último a falar foi Tim Rescala que iniciou comentando que depois do que eu havia dito e feito quase nada deveria ser acrescentado. Mas comentou os estudos que fez com Koellreutter, seu vizinho na Urca, no Rio de Janeiro, e os telefonemas que dele recebia quando estudava piano as vezes comentando “hoje esta melhor do que ontem” ou manifestando preocupação de que estudava mais piano do que os deveres por ele passados.
A reunião foi dada por encerrada e Margarita convidou a todos para dirigirem-se ao programado coquetel sua casa. Levantei-me e pedi aos presentes apenas mais um minuto de atenção. Solicitei a permissão de Margarita, que não entendeu meu gesto, para fazer um pedido aos presentes. Comentei que ali estava alguém que, pelo seu trabalho e sua dedicação, merecia todo o nosso respeito e admiração; pedi a todos que fosse dada uma salva de palmas à dedicada e atenciosa governanta Áurea Frazano da Silva que, por muitos anos, inclusive com o permanente e efetivo apoio de seu esposo Iranildo, sempre esteve ao lado de Koellreutter prestando-lhe a assistência que necessitava. Foi um longo e caloroso aplauso à dileta amiga que, ao lado de sua filha Camila, chorava copiosamente, logo vindo a abraçar-me. Camila, desde criança, na longa convivência, aprendeu a chamar Koellreutter de vovô. Senti-me sumamente gratificado quando Antonio Carlos aproximou-se e disse: só você para fazer isto.
Durante o coquetel, conversei com Cláudio e Pedro Paulo; por este, fui informado que sua mãe, a compositora Geny Marcondes Koellreutter, vivia em Tatuapé, SP, e dele recebi o úmero do telefone para o contato que fiz dias depois à amiga que, em janeiro de 1953, em Teresópolis, intermediara meu diálogo com Koellreutter resultando no convite para minha transferência, naquele ano, de Pelotas para São Paulo.
As 20h20, de carro, acompanhei o ônibus que levava boa parte dos convidados ao Teatro Municipal de São João del-Rei, à Av. Hermílio Alves, para assistir a Tangos e Tragédias pelos dois festejados atores-músicos gaúchos Nico Nicolaiewsky e Hique Gomes, extraordinário espetáculo apresentado por todo o Brasil por mais de 20 anos e inúmeras vezes assistido e aplaudido por Koellreutter. O espetáculo terminou às 23h40 com atores e público nas escadarias externas do teatro cantando, improvisando, esticando a noite. No retorno a Tiradentes segui o carro-cicerone de Anna Maria Parsons, que também foi participante do happening realizado em 1987 pelos alunos e professores do Congresso Latino-Americano de Compositores e atual diretora-geral do Centro de Referência Musicológica José Maria Neves, em São João del-Rei. Tanto na ida quanto no regresso fui acompanhado por Antonio Carlos, aproveitando para dialogar sobre temas de comum interesse.
03/09
Às 9h15, com minhas parceiras de viagem e Antonio Carlos, deixamos Tiradentes e seguimos para São João del-Rei. Às 10h, além de outras pessoas acima mencionadas, numeroso público assistiu a cerimônia de inauguração do Espaço Koellreutter instalado em histórico prédio que abriga o Centro Cultural da UFSJ, sito à Praça Dr. Augusto das Chagas Viegas. Na primeira sala de exposições do “acervo Koellreutter”, o reitor Helvécio Luiz Reis reiterou sua satisfação por abrigar a Fundação Koellreutter e, com ela, a coleção de objetos e obras do compositor; agradeceu ao desprendimento de Margarita e, mais uma vez, fez menção à doação que eu fizera no dia anterior. Falou em seguida o professor Alberto Ferreira da Rocha Júnior, pró-reitor de Extensão e Assuntos Comunitários ressaltando a importância do Espaço Koellreutter para definir o rumo que deveria tomar a orientação a ser dada ao Centro Cultura que passava a abrigar o acervo recém-inaugurado. Finalmente, Margarita tomou a palavra e, entusiasticamente, leu, na íntegra, o texto da marcante palestra que Koellreutter havia feito, em 1984, na Faculdade Santa Marcelina, em São Paulo, texto do qual, posteriormente, distribuiu alguns exemplares ao público, na capa registrando ter sido “Editada pela Editora Margarita Schack, Tiradentes/MG 02 de setembro de 2006”. Em seguida ao ato de inauguração teve início a apresentação dos professores do Departamento de Música da UFSJ que contou com a participação, como convidado especial, do barítono Eladio Peres Gonzalez interpretando a peça a ele dedicada por Koellreutter intitulada O Preto Serafim caiu do andaime. O professor-flautista Antônio Guimarães interpretou Melopeias nº 3 de César Guerra-Peixe; a professora Marcia Taborda, coordenadora do Espaço Koellreutter, interpretou os interessantes e ricos Cantos para voz solo de Tim Rescala; e, encerrando o programa previsto, foi executada por Antônio Guimarães e Marcelo Parizzi, a Sonata para duas flautas de Charles Koechlin, utilizando uma das tantas partituras que Koellreutter usava nas suas apresentações no Brasil e no exterior, hoje parte do acervo da Fundação. O evento foi encerrado com uma improvisação da qual tomaram parte os professores já citados mais um violoncelista, um pianista, um trompetista, um violinista e o coral misto da UFSJ. No pátio interno do referido centro, como ato de despedida, foi servido um coquetel.
Após o evento, em companhia de Rescala, Antônio Carlos, Krieger, Eladio, do jovem compositor Cristiano Melli, e de Lilia de Oliveira Rosa, professora da Unicamp, visitei o Centro de Referência Musicológica (Cerem), dirigido por Anna Maria Parsons e criado graças à doação de uma casa da antiga zona do meretrício da Rua Marechal Bitencourt nº 24, hoje local turístico de grande importância cultural. O Centro tem como patrono o saudoso historiador, regente e musicólogo José Maria Neves, filho de São João del-Rei, e visa a “promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio musicológico histórico e artístico, bem como estudos e pesquisas, desenvolvimento de conhecimentos técnicos e científicos” que digam respeito às atividades musicais.
Deixei o local sem ter oportunidade de despedir-me de todos os presentes a não ser do reitor e de alguns dos professores da UFSJ e, com minhas parceiras de viagem, peguei a estrada em direção à Brasília.
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