Usina de Letras

Não há como negar que a prisão do senador Delcídio do Amaral é mais um duro golpe ao PT, embora o senador não pertença ao quadro histórico do PT e tenha sido no passado integrante da oposição e ainda seja muito próximo do PSDB. Isso, porém, não muda muita coisa. Mesmo que ele tenha agido em proveito próprio e não para favorecer o partido, como foi o caso da maioria dos petistas presos no mensalão e na lava a jato, ainda sim o desgaste ao Partido dos Trabalhadores é grande. No momento delicado em que o PT se encontra, qualquer coisa envolvendo um petista reflete diretamente no partido. E até aonde se sabe o caso de Delcídio não tem ligação direta com o PT. Ele agiu praticamente sozinho – em acordo com o banqueiro Andrés Esteves, acionista majoritário do Banco Pactual -- com o objetivo de salvar a própria pele e a de Esteves, pois Serveró tinha provas da ligação de Delcído e de Esteves com a corrupção da Petrob&
341;as. A tentativa desastrosa de propor a Nestor Serveró uma fuga para a Espanhã em troca de uma mesada mensal de R$ 50.000 mostra que ele cometeu uma grande burrada. Claro que ele tinha a intenção de calar Serveró, talvez o único capaz de incriminá-lo, mas seu ato custou-lhe muito mais do que teria custado uma denúncia por parte de Serveró. Delcídio do Amaral não só foi preso como está completamente desmoralizado. E não há dúvida que o seu processo de cassação será rápido e suas chances de manter o mandato são praticamente nulas, o que não teria ocorrido se tivesse deixado a coisa correr solta. Agora não há como remediar. O senador petista entrará para a história como o primeiro senador preso durante o seu mandato e não pela sua contribuição ao país. Ainda é cedo para dizer que sua prisão possa afitar o já frágil governo Dilma, uma vez que ele era líder do governo no Senado, mas não há dúvida que haverá, por menor que seja, um respingo, principalmente se trouxer informações que possa envolver integrantes do governo no esquema de corrupção da Petrobrás. Mas isto só o tempo dirá.