
As manifestações contra o impeachment ocorridas três dias depois das manifestações a favor do processo de cassação do mandato da presidenta Dilma mostram que, diferentemente do que ocorreu com os protestos que culminou com o impeachment de Collor em 1992, não há um consenso na sociedade a favor da destituição da Dilma; pelo contrário, há sim uma grande divisão na sociedade, onde a classe média e os mais ricos querem o seu afastamento e os mais pobres são contrários, embora tanto de um lado como de outro haja uma minoria duma classe e outra. Aliás, a polarização não é muito diferente daquela vista na última eleição, onde os apoiadores do candidato derrotado querem dar o troco, destituindo da presidenta. Diferentemente do que ocorreu ao longo do ano, onde os protestos contra a corrupção e a favor do impeachment reuniam milhares de pessoas, os do último fim de semana foram o completo fracasso. Por outro lado, os protestos contrários ao impeachment foram maiores, reuniram milhares de pessoas, mostrando que há muito mais gente disposta a defender a legitimidade da presidenta do que favorável a perda de mandato. Claro que muitos do que saíram às ruas para defendê-la o fez pela legalidade, em defesa de democracia e da legitimidade embora sejam críticos à forma como ela vem conduzindo o país, o que são duas coisas completamente diferentes. A legalidade e legitimidade de um governo democraticamente eleito pela maioria da população independe de quão bom ou ruim está sendo esse governo. Embora há quem diga que o processo de impeachment possa ser usado da mesma forma que o voto de confiança tem no sistema parlamentarista, isso não é verdade; pois o impeachment exige um crime de responsabilidade. Assim, o impeachment não pode ser usado como desculpa para tirar do poder um presidente com dificuldades de governar, com baixos índices de popularidade e que parece não saber o que fazer por o país nos trilhos. Por isso não há dúvida de que o número bem maior de pessoas nas manifestações contra o impeachment não é em apoio ao governo, apesar de muitos o apoiarem, mas sim contra aquilo que chamam de “golpe da oposição”, o que não deixa também de ser um exagero, já que o processo de impeachment é previsto em lei e portanto legitimo, mas desde que o presidente tenha de fato cometido algum crime, como realmente ocorreu com o ex-presidente Collor, cujo processo só foi aberto depois que uma CPI encontrou provas que o ligava à vários casos de corrupção. No caso da presidenta Dilma, não há ainda provas conclusivas de que ela tenha cometido algum crime, daí a fragilidade desse processo.
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