Meu nome é Luciana do Rocio Mallon, sou solteira, tenho 41 anos e desde a minha infância decidi que nunca teria filhos.
Naquela época, no Brasil, existia a Inflação e eu notava que era difícil uma família criar seus pequenos durante uma tragédia econômica como esta. Nas ruas, eu via mendigas rodeada de crianças famintas pedindo esmolas. Então, eu sentia pena e notava que uma pessoa carente destas, realmente, não tinha condições de manter seus filhos. Estas cenas fizeram que eu refletisse o seguinte:
- Já pensou se, no futuro, eu me tornar uma moradora de rua e ainda precisar criar filhos?
Também, na minha infância, eu escutava mulheres reclamando:
- Filhos dão muito trabalho.
Por isto logo aos cinco anos, de idade, decidi que nunca engravidaria.
Com o passar do tempo, notei que tinha tomado a decisão certa.
Por motivos biológicos, sempre fui nervosa com uma pitada de depressão. Na adolescência descobri casos de mulheres que após darem a luz, foram tomadas de um desiquilíbrio psicológico tão grande por causa da depressão, que acabaram matando seus próprios bebês.
Deste jeito, pensei:
- Mais um motivo para não engravidar!
O problema é que ainda existe muito preconceito contra mulheres sem filhos. Normalmente, escuto ofensas como:
- Se você não quer ter filhos, isto é sinal de que você é egoísta.
- Quem vai cuidar de você quando estiver na velhice?
- Uma pessoa do sexo feminino só vira mulher de verdade depois que tem filhos.
Poxa estas afirmações são machistas e irreais. Pois nenhuma moça deixa de ser do sexo feminino só porque nunca teve filhos. Além disto, os asilos estão cheias de idosas, que deram a luz a vários filhos, mas foram abandonadas por todos. Este último fato me recordou do seguinte ditado:
- Uma mãe se esforça para cuidar de dez filhos. Mas dez filhos se negam a cuidar de uma mãe.
Afinal, eu não desejo engravidar porque tenho juízo e conheço as minhas próprias limitações, que não são poucas.
