Usina de Letras

Michel Temer é um vice-presidente muito impopular e deve se tornar ainda mais impopular nos próximos meses, à medida que o arrocho fiscal aumenta, o desemprego cresça, o aumento de impostos fique mais claro e a percepção de que haverá redução dos direitos previdenciários e corte nos benefícios sociais. Isso tudo pode levar a população de volta às ruas, pedindo agora a cabeça do peemedebista, como fez com a petista Dilma. E se a insatisfação for grande e provocar mobilização social, isso pode favorecer a afastada Dilma no processo de impeachment. Aliás, ela já vem atuando nos bastidores para minar a administração Temer como fez a oposição e parte do PMDB no governo dela. Será chumbo trocado. O que pesa contra Temer é que ele não tem muito tempo para mostrar resultados. Qualquer tropeço pode trazer Dilma de volta. Essa é a grande questão. Por isso o PSDB está tão empenhado em fazer de tudo para que Temer seja bem-sucedido, inclusive ir contra tudo aquilo que incansavelmente pregou durante os governos Lula e Dilma. A sorte de Temer é que Dilma foi afastada quando a inflação está em declínio e a indústria mostra sinais de recuperação apesar de tímidos. Embora esses dois pontos positivos não tenham o dedo do vice-presidente não há dúvida de que ele colherá os benefícios, alegando que foi em seu governo que a inflação começou a ceder e a indústria a crescer. E se de fato for um homem de sorte, o processo de impeachment da Dilma durará mais que o esperado, dando-lhe a oportunidade de colher melhores resultados econômicos. Como no Brasil os políticos agem de acordo com o sabor do vento e sem se importar com o eleitor ou fidelidade partidária, pode ser que Dilma seja águas passadas. Mas para que isso aconteça Temer terá que ser o salvador da pátria ou um novo Itamar Franco. Mas será que é?