Usina de Letras

A insatisfação com o Governo Temer vem crescendo desde as primeiras medidas, tomadas logo após o afastamento da presidente Dilma pelo Senado, as quais mostraram-se equivocadas e ineficazes para combater a crise econômica. E a prova disso é que não houve reação do mercado financeiro. O dólar continua nos mesmos patamares do Governo Dilma e a bolsa de valores não apresentou aumento no índice. Aliás, as expectativas dos Economistas, medidas semanalmente pelo Banco Central, não variaram de forma relevante nas três últimas semanas, mostrando que a mudança de governo não fez muita diferença. Além disso, a sociedade reagiu negativamente com a mudança ministerial promovida por Temer, que deu uma guinada à direita com a nomeação de ministros com posições declaradamente conservadoras, com a ausência de mulheres no primeiro escalão, coisa que não acontecia desde a década de 70 do século passado, e com a extinção do Ministério da Cultura. Outro fator que contribuiu para o desapontamento com Temer foi a nomeação de investigados na Operação Lava a Jato para o primeiro escalão, o que levou em pouco tempo a queda de dois deles. Na realidade, a insatisfação está só aumentando como mostra a saída de Romário da Comissão de Impeachment do Senado e a ameaça de alguns senadores, que votaram pela admissibilidade do impeachment, de mudar de posição, o que levaria Dilma a reassumir o governo, já que ela precisa de poucos votos para escapar do impeachment. Aliás, está em curso um movimento justamente para salvar o mandato dela, com a promessa de que ela convoque imediatamente novas eleições assim que reassumir a presidência. Até agora Temer não demonstrou ser tão diferente do Governo Dilma e já teve de recuar em muita coisa nos últimos dias. Manobras como tentar antecipar o impeachment e o aumento de salário dos servidores públicos votado nesta semana mostra que o governo está recorrendo a medidas nadas convencionais para mostrar alguma força. E nós já vimos esse filme e sabemos muito bem qual é o final.