Usina de Letras

Ainda não se pode dizer que o ciclo PT da Lava a Jato chegou ao fim, pois ainda pairam muitas suspeitas sobre o ex-presidente Lula, mas não há como negar o que foco agora não é mais o PT e sim os caciques do PMDB. E olha que a lista é grande. A prisão de Eduardo Cunha é só o primeiro movimento nesse complicado jogo de xadrez. Assim como a maioria dos presos, Cunha também fará uma delação premiada a fim de reduzir sua pena, ainda mais que é acusado de vários crimes, o que lhe permitiria passar alguns anos atrás das grades. E sendo ele quem é, fará de tudo para não ficar atrás das grades. Se for preciso, ele entrega até a mãe para escapar. Diferentemente de José Dirceu, que jamais fez acordos com a justiça, Cunha não pensará duas vezes em entregar tudo e todos. E ao contrário do ex-Senador Delcidio do Amaral, o ex-presidente da Câmara dos Deputados é um homem que sabe muito e tem muito a contar. Não há dúvida que ele vai entregar a cúpula do seu próprio partido, o PMDB. É difícil prever o que poderá sair dessa delação, mas não sobrará pedra sobre pedra. Se até agora a impressão que se tem é de que o PT é o partido mais corrupto desse país, espere só o Cunha abrir a boca. Se escapar 100 deputados e senadores, será muito. Terão de fechar o Congresso por falta de parlamentar. O cenário político que já vem complicado e imprevisível nos últimos anos, tornar-se-á ainda mais tumultuado, causando uma instabilidade política muito grande e gerando reflexos na economia, pois, embora comandado por uma coalização de vários partidos, o país tem como governo o PMDB de Michel Temer. Por sorte, estamos há apenas dois anos de 2018. Mas nem isso pode ser chamado de consolo. Afinal, do jeito que a coisa está indo, não sobrará um único candidato habilitado e a altura do cargo de Presidente da República.