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Artigos-->A EPOPEIA DO JENIPAPO -- 30/11/2016 - 10:11 (Adrião Neto) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
PUBLICADO NA REVISTA DE REPENTE



Livro: DIOCESE DE PARNAÍBA - 70 ANOS EM MISSÃO - 1945/2015, editado em 2016, pela Gráfica e Editora Halley S/A



Autor: Inácio Marinheiro de Oliveira



Na comunidade Lagoa do Camelo fica a capela de São Gonçalo. Em meados do século XX, a propriedade Lagoa do Camelo foi adquirida pelo casal José Cristiano de Sales (Zé de Sales) e Maria Elvira Carneiro (Dona Sinhá); ela, irmã do Monsenhor José Carneiro da Cunha. Incentivados por esse, construíram uma capela em homenagem a São Gonçalo, santo de devoção da família. No dia 17 de fevereiro de 1947, a mesma foi inaugurada, com a Santa Missa celebrada pelo irmão de Dona Sinhá. Ocasião em que batizou as crianças Francisco Anacleto Carneiro (Chiquinho) e Francisca Sales Santos (Dica), netos do casal construtor.

Os festejos de São Gonçalo passaram a ser comemorados no período de 01 a 10 de janeiro; e por ocasião do festejo de 1952, uma das crianças batizadas foi Adrião José Neto, filho do casal Osvaldo Sales Santos e Maria Nazaré Santos; e neto do casal Zé de Sales e Dona Sinhá, que teve como padrinho o então Bispo Diocesano; Dom Felipe Condurú Pacheco. Com sua bênção, o afilhado cresceu e se tornou um dos mais conceituados escritores do Piauí. Com a partida do casal construtor para a eternidade, a família recebeu permissão do Senhor Bispo Diocesano para pôr os restos mortais em um espaço da Sacristia da capela, onde permanecem até hoje.

Portanto, Lagoa do Camelo é a terra do escritor Adrião Neto, um dos prefaciadores desta obra, e das outras três que publiquei. No poema “Mosaico”, aqui transcrito, ele faz uma reminiscência da sua infância, incluindo um registro sobre esta capela, onde foi batizado, onde também foi crismado e fez a primeira comunhão.



MOSAICO



Adrião Neto



Como um andarilho do tempo, que/ escorrega por entre meus dedos/, navego na memória /procurando as peças do mosaico/ perdidas ao longo do caminho/ para reconstituir o painel / da minha trajetória,/ e como se fosse um quebra-cabeça, /vou montando peça por peça /para recompor as cenas coloridas/ que a vida pincelou / em minha doce infância.

Relembrando Lagoa do Camelo/revejo o casarão onde nasci, /os cavalos de campo e o gado;/ revejo meu avô tangendo a fazenda, /minha avó cercada de netos/ e a alegria da garotada;/ revejo a dedicação de meu pai /doçura de minha mãe /a me cercar de carinhos e cuidados;/ revejo a lagoa de água serena, / a escolinha onde estudei / e a capela em que fui batizado;/ escuto o latido dos cachorros, / o triste aboio dos vaqueiros/ e o berro da boiada;/ revejo a colheita dos cereais,/ a ordenha, a confecção de queijo/ e a ceia de bolo com coalhada; /revejo as pedras cinzentas do lajedo, / o rústico carro de boi, / a safra de caju e as farinhadas; / revejo as florestas de mata virgem,/ as roças, o campinho de futebol/ e as ovelhas chiqueiradas;/ revejo os festejos de São Gonçalo,/ as desobrigas, as missas, as novenas, / as quermesses, os leilões e os reisados;/ revejo os campos onde semeei sonhos / e a porteira do curral / onde tenho o umbigo enterrado.

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