Sempre sozinho e no silêncio continuo, percebi que havia muito mais a pensar do que propriamente fazer. Redemoinhos de pensamentos atreladas à louca vontade de sair por aí buscando um sinal de que a vida, vale mais refletir do que ocasionalmente aqui acolá sair em busca de algo concreto a ter que me firmar. Nunca acreditei no simples hábito de fazer, desde que não fosse com a devida coerência entre o pensar e o efetivamente fazer. Sempre fui alheio à tudo em minha volta até levei um golpe na boca do estômago e senti logo o gosto amargo da doação. Doei e não me arrependo de absolutamente nada, paguei todas as contas com o rigor de quem segue à guerra para ser combatido. Combalido fiquei por muito tempo que até hoje não sinto a dor e o prazer de estar prazeroso. Ergui e não encontrei a ninguém a não ser a mim. Encontro cara a cara com minhas expectativas frustradas e amores perdidos. Em busca de mim, sempre me vi em apuros ao mesmo tempo entrava numa fuga incessante de tentar me perder e me livrar de justificativas intermináveis. Sou arredio, sei disso e me recuso a sair de mim depois de tanto tempo de busca. Apropriei de mim e não permito desapropriação nem movimentos tirânicos que queiram de mim desfazer. Oxalá seja eu, agora e sempre.