Usina de Letras

Com a possibilidade cada vez maior da prisão do ex-presidente Lula, começa a ganhar força no PT a candidatura de Fernando Haddad, principalmente depois das denúncias envolvendo Jaques Wagner. Não é nada certo ainda, pois o Partido dos Trabalhadores ainda tem esperança de que Lula possa concorrer, apesar de poucos acreditarem nisso. Embora tenha feito uma boa administração na prefeitura de São Paulo, muito acima dos seus antecessores, não conseguiu se reeleger, mais por pertencer ao PT do que pela sua administração (a eleição na capital paulista ocorreu no momento de maior fragilidade do partido, onde os seus principais caciques estavam mergulhados em denúncias de envolvimento na Lava a Jato). Haddad pode não ser a melhor opção, já que é pouco conhecido fora de São Paulo, mas é alguém capaz de mostrar para sociedade que o PT não morreu, que, apesar do mar de lama em que o partido mergulhou, há pessoas decentes e capazes de reinventá-lo e tirá-lo do atoleiro. Política é uma caixinha de surpresas e nunca sabemos ao certo o que poderá sair das urnas, mas é muito pouco provável a vitória de um petista em outubro. Mesmo com a eleição fragmentada, com mais de uma dezena de candidatos, o que favorece surpresas, o PT não terá forças para vencer. Ainda mais que não passou por um processo de expurgo, de reconhecimento de erros (que foram muitos) e nem se reinventou. Mesmo que Lula venha a concorrer, não deve vencer. Diferentemente de 2002, os mais variados setores da sociedade não se entusiasmam com a volta de Lula (exceto talvez os mais pobres que o apoiarão em qualquer circunstância). Há uma percepção de que a volta de Lula é a volta da corrupção e o fim da Lava a Jato. Sendo verdade ou não, a carreira de Lula está encerrada. Por isso, mesmo sofrendo uma grande derrota, a candidatura de Haddad pode ser muito benéfica ao PT no futuro, permitindo ao partido mudar a imagem manchada pela corrupção e dar a volta por cima. Mas não parece ser assim que o partido vê a coisa; prefere continuar cometendo os velhos e mesmos erros.