Usina de Letras

Os ataques a tiros contra a caravana do ex-presidente Lula é inadmissível e imperdoável. É um ato de violência barato que só faz por mais lenha na fogueira da eleição presidencial de 2018, a qual será bastante tumultuada. Todos têm o direito de gostar ou não do ex-presidente, de achá-lo culpado ou não pelos crimes que lhe são imputados; e ele tem, como qualquer brasileiro, de se candidatar ao cargo de mandatário desse país enquanto a justiça não o impedir. Isso é democracia. Há diversas formas de se mostrar insatisfação e oposição a um candidato -- o protesto é uma, o voto outra. Aliás, essas duas formas são as mais civilizadas, inteligentes, eficazes e as que seguem os princípios constitucionais e democráticos. Mas a violência, seja de qual forma for, não se encaixa em nenhum, a não ser na barbárie, na desrazão e no radicalismo perigoso e antidemocrático. A polícia deve apurar rapidamente o episódio para evitar maiores danos à democracia e ao processo eleitoral, pois não há dúvida de que a violência, a falta de impunidade e segurança chegaram ao processo eleitoral, manchando as eleições de 2018 e criando um procedente perigoso. Quem tentou atingir a imagem do ainda candidato Lula errou totalmente o alvo e transformou-o numa vítima, num injustiçado, em alguém que forças ocultas tenta tirar das eleições. Sabemos que Lula não é santo e cometeu os seus erros quando estava no comando do país, tanto que está respondendo por eles; mas isso não justifica, sob hipótese alguma, tais atos de violência e intolerância. Quiça que se trate de um caso isolado e que não venha a manchar e transformar o processo eleitoral de 2018 numa guerra de facções, tipico das republiquetas africanas da segunda metade do século passado.