Usina de Letras

A última pesquisa do Data Folha, publicada nesse domingo (15/04) mostra que, mesmo preso, Lula venceria a eleição não importando quem fosse o oponente no segundo turno. É claro que a sua prisão já teve reflexo em suas intenções de voto, mas a queda, inevitável, é bem menor do que se esperava. E essa perda de votos pelo petista, embora a pesquisa não a avalia, muito provavelmente não se deve ao fato de os eleitores passarem a rejeitar o petista mas sim por tomarem consciência de que ele não poderá concorrer. Caso Lula venha a disputar a eleição, o que parece improvável, a chance de vitória é muito grande, dada a fidelidade de seus eleitores, mesmo a maioria (cerca de 54%) achando que ele é realmente culpado dos crimes pelos quais fora condenado. Por outro lado, se Lula não disputar, seus votos vão em grande maioria para Marina Silva (REDE) e Ciro Gomes (PDT) mesmo com um candidato petista na disputa. Joaquim Barbosa (PSB) também se beneficia, mas não tanto. A campanha ainda não começou de fato e nem mesmo as candidaturas foram oficializadas, portanto muita coisa pode mudar até lá, mas é inegável a dificuldade do PT em encontrar um substituto para Lula. Ainda continuo vendo em Haddad a melhor opção e já deixei isso claro num artigo aqui na Usina, mas mesmo com todo o apoio de Lula o ex-prefeito de São Paulo terá grandes dificuldades em chegar ao segundo turno, pelo simples fato de ser pouco conhecido. Talvez o melhor caminho para o PT fosse apoiar Marina Silva ou Ciro Gomes, já que naturalmente eles herdam votos de Lula. Um apoio formal alavancaria de vez a candidatura de um dos dois, embora Ciro Gomes parece levar uma pequena vantagem uma vez que Marina muitas vezes passa a sensação de ser pacata demais para comandar este país. Quanto a Geraldo Alckmin (PSDB), ele parece ter perdido o timing e já não ter a mesma força de outros pleitos. A candidatura de Jair Bolsonaro (PSL), Rodrigo Maia (DEM), o grande número de candidatos e finalmente a derrocada de Aécio Neves enfraqueceu o PSDB. Diferentemente das disputas anteriores, os Tucanos correm um grande risco de não chegarem ao segundo turno e ainda não terem quem apoiar. Por último, há a candidatura de Joaquim Barbosa (PSB), a qual pode fazer algum barulho, mas, por falta de experiência do ex-ministro do STF, não deve levá-lo ao Planalto. Sendo assim, quem é o favorito em 2018? Eis a pergunta que muita gente está se fazendo nesse momento. É difícil prever faltando 6 meses. Nesse meio tempo tudo pode acontecer e o jogo pode virar rapidamente. Se Lula por alguma razão Lula sair da prisão e obter o registro de sua candidatura, continua como franco favorito, devido à fidelidade de seus eleitores; caso contrário, vejo Ciro Gomes (PDT) com muitas chances de se tornar o próximo presidente. E por quê? Por representar a Esquerda, por ser alguém próximo de Lula (foi seu ministro), por ter mais experiência política e com maior capacidade de derrotar Bolsonaro que é rejeitado por vários setores da sociedade. Agora, se isso vai se confirmar ou não, só em outubro.