Eu já postei um artigo aqui na Usina de Letras, onde faço uma comparação entre a candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) e a de Fernando Collor (PRN) em 1989, mostrando a grande semelhança entre ambas. É claro que Bolsonaro não é Collor. E embora as semelhanças entre as candidaturas sejam bem maiores do que as diferenças, não quer dizer que, se eleito, o candidato do PSL vá ser um desastre e afundar ainda o país na crise como fez Collor (essa é outra semelhança: Collor foi eleito quando o país passava por uma grande crise). Mas eu me pergunto como um presidente, filiado a um partido nanico (Collor também era), sem expressão e representatividade vai conseguir governar este país. Assim como Dilma, ele é uma pessoa de temperamento difícil (outra semelhança com Collor) embora com um pouco mais de experiência política que a petista. Assim como Collor, ele se apresenta com o salvador da pátria, como se dependesse apenas de si e de seus apoiadores para governar. Infelizmente o Brasil é um país com um sistema representativo complexo, onde só é possível governar através de coalização, já que a fragmentação partidária é muito grande, e de uma grande harmonia entre os poderes Executivo e Legislativo. E não vejo em Bolsonaro, como na maioria dos demais candidatos, alguém capaz de liderar uma coalização capaz de tornar este país governável. Lula, apesar de todo o seu carisma e experiência política, só conseguiu isso através da compra de apoio político com o dinheiro desviado da Petrobras; Dilma, que já não contava mais com esses recursos no seu segundo mandato, acabou sendo afastada por um processo de impeachment, quando perdeu o apoio do Congresso assim como Collor em 1992. Bolsonaro, mais que Alckmin (PSDB), Marina (REDE), Ciro (PDT) e o candidato do PT, será refém do Congresso e terá de fazer concessões inimagináveis para se manter no cargo. É uma ilusão muito grande, principalmente de seus apoiadores, achar que ele cumprirá as promessas de campanha. Não por vontade própria, mas porque quem governa de fato este país é o Congresso. E é aí que está o grande perigo: um confronto entre o Parlamento e o Poder Executivo. Todas as vezes que isso aconteceu o presidente foi destituído, como ocorreu com Collor e Dilma e João Goulart. E quando o presidente não conseguiu formar a maioria mas também não optou pelo confronto, virou um fantoche na presidência, como Sarney nos anos 80 e Temer atualmente. Mas não vejo o candidato do PSL como alguém capaz de se conformar com o papel decorativo. Não é do seu feitio. Ele partirá para o confronto. Ele não terá outra saída. Se o tornar refém do Congresso, será um Temer ainda mais impopular (se é que alguém consegue ser ainda mais impopular que Temer). E o que ele fará? Comprar apoio como fez o Lula(PT)? Esse esquema não funciona mais; nem algo parecido. E também não faz parte do estilo Bolsonaro de governar. Então só lhe resta uma saída. Fechar o Congresso e instalar uma ditadura com total suporte das forças armadas. Não estou dizendo que ele vá fazer isso, mas há esta possibilidade. Nenhum outro candidato tentaria isso, mas ele sim. E por quê? Porque é um militar com grande trâmite nas forças armadas, seu vice é um coronel da reserva e suas ideias são em grande maioria as mesmas que se ouvem nos quartéis. Com o apoio dos setores mais conservadores da sociedade não será difícil encontrar um bode expiatório para fechar o Congresso, aliás como ocorreu em 1964. Talvez isso seja exagero de minha parte, mas como democrata e defensor de uma democracia plena, não posso deixar de expressar minhas inquietações, embora acho difícil que ele venha a ser eleito. Bolsonaro teria de vencer batalha do processo eleitoral, na qual ele será massacrado no rádio e na TV sem ter a oportunidade de se defender. Mas como neste país tudo é possível, não se pode descartar nenhuma hipótese. Inclusive dele ser eleito presidente.
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