____________________ (Essa vai para o Tarcísio e todos
conterrâneos homenageados nesse texto)
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"Ai se encontram, semeados pelo campo, touceiras eriçadas de puas e espinhos em que se entrelaçam os cardos e as carnaúbas. Sempre verdes, ainda quando não cai do céu uma só gota de orvalho, estas plantas simbolizam as duas virtudes dos cearenses, a sobriedade e a perseverança."
(José de Alencar, O Sertanejo)
Será sempre este o destino de quem nasceu sob o signo alencarino da resistência poética, a graça laboriosa, a hospitalidade naturalmente exuberante: sair do Cedro para saber valorizar a nossa terra e o nosso povo ?
Com um olhar focado nas experiências urbana e rural, o homem deve elevar a discussão apaixonante - vital e necessária, contagiante - sobre a cedrensidade. Já os adeptos se multiplicam, rompendo diásporas pretéritas, fazendo valer a melhor cepa da gente, em todas as expressões. Podemos não ter " ouro nem prata", mas temos cérebros - isso é muito mais. Temos orgulho disso, pois exportamos para o Brasil todo.
Escrever um poema de amor ao Cedro? Não somente. Mas construir, a partir do esforço comum (governo, instituições, sociedade civil organizada) um modus cedrensis de respeito aos seus potenciais - inesgotáveis potenciais.
O sertão não virou mar - conforme predissera o Beato Antônio Conselheiro. E nem sabemos mais, hoje, se o sertão o é. Podemos, contudo, reerguer as nossas balizas diferenciais e fincar bandeiras. Temos cérebros - para nosso orgulho... Carece , pois, de longo e amplo debate acerca da investida, CEDRENSIDADE intercedendo na história, um programa de governo parta a educação que, deitando nas escolas fundamental e sua mais emergente lição, ampare-nos de corpo e alma.
Mais que "Uma Declaração de Amor ao Cedro", pelo próprio cedrense, pela nossa Terra, um programa que permita valorizar nossos talentos - nossos cérebros - que permita o crescimento do nosso espírito de resistência às naturezas inóspitas, vislumbrando a nossa grandeza coletiva e beleza humana dotada por Deus. Temos cérebros, temos talento, sabemos ser felizes e agradecidos por isso.
Tempo, assim, de estimar as nossas coisas, os nossos mais sagrados valores. O espírito de comunidade nasce e está em cada um de nós, quando lembramos a grandeza do povo e a beleza da nossa diversidade cultural. Espírito de comunidade que se busca no apurado produto dos nossos artistas, no coração pulsante quando defendem a cedrensidade - como o barro do qual fomos erguidos.
"Voam, voam, chegam lá fora, as vezes se torna conhecido mas na própria cidade é apenas mais uma ave no céu". Ertim Morais / Tarcísio ou Tarciso? Não importa. Desde que os Tarcísios ou Tarcisos sejam cedrenses devem se sentir homenageados por tão primoroso texto, de lavra indubitavelmente sempre iluminada e frutífera no mundo das artes, cultura, intelectualidade, literatura e muito mais. Varzealegrense de nascimento e Cedrense por adoção, fiquei invejoso em relação ao Tarcísio homenageado (perdoe-me Deus pelo pecado capital), mas uma inveja sadia e pretensamente perdoável. Candido Bcneto, quando criança sonhou alto e alto continua sonhando, como deve ser o sonho do poeta sabedor de que sonhar é de graça, por mais caro que seja o sonho. Lembro-me de que quando crianças, uma vez brincávamos na praça da Matriz, quase em frente à sua casa e ele avistou Zé Alves, (estivador, conhecido como "Zé Alves chapeado" em razão da chapa nº 1 pregada em seu surrado chapéu confeccionado a partir de uma metade de bola de couro descartada após incontáveis peladas, cidadão dotado de muita força física e de liderança nata, pois exercia a Presidência da Associação dos Carregadores de Cedro) e correndo ao encontro do Zé me convidou: "vamos pedir ao Zé Alves pra colocar a gente nos ombros, dos ombros dele a gente consegue tocar o Céu". Realmente, o Céu ficava mais perto de cima dos ombros daquele humilde e nobre senhor. Então Candido Bcneto, no Cedro de minha infância e adolescência, onde tive o prazer e a honra de ser seu contemporâneo, conheci três Tarcísios/Tarcisos: Tarcisio de Azarias, Tarcisio de Nezinho enfermeiro e Tarciso de Manoel Costa, assim me sentindo por você homenageado e por demais agradecido, acreditando que eles, você, eu e tantos cedrenses, do mesmo barro fomos erguidos. Abraços.