Enquanto o trabalhador médio perde 3 horas no trânsito e se esfola de 10 a 12 horas no local de trabalho, Deputados Federais e Senadores, que consomem (por baixo) quase
R$ 185 milhões por ano (fev/2001) dos cofres da nação, realizam um trabalho "estafante" a favor de nossa pátria. Vamos fazer aqui uma estimativa positiva, para que não nos acusem de injustiças para com estes graduados "defensores" da pátria.
Considerando que comparecem (os mais assíduos) 3 dias por semana ao local de encontro, considerando 5 semanas por mês (viu como estou sendo gentil?), concluímos que se reúnem 15 dias por mês durante 9 meses (temos de descontar o recesso de julho, o de janeiro, 15 dias de Natal e 15 dias de Carnaval). Isto nos dá 15 x 9 = 135 dias (média de 6 horas/dia). Ou seja: 810 horas por ano! O trabalhador médio (não considerando os escravos nas fazendas do interior) se esfolam 240 dias numa média de 10 horas, totalizando 2400 horas, muitas vezes tendo apenas um ventilador e um bebedouro nas cercanias.
No ano de eleição, o trabalho se reduz a 6 meses, pois se desgastam muito nas campanhas eleitorais, quando precisam decorar textos longos como nas novelas, prometendo pomposas realizações fantasiosas a favor do povo (que recebem paliativos para servirem de trampolim nas campanhas subseqüentes).
Durante estes longos 135 dias por ano, poderiam tratar de assuntos relacionados aos problemas que afligem a população carente e desesperada. Poderiam criar simples mecanismos para alavancar e proteger nossa agricultura, acabar com a seca do Nordeste, oferecer oportunidades para nossos jovens adolescentes desempregados, evitar que crianças fiquem sem escola e que trabalhem como escravas nas fazendas do interior, evitar que idosos morram nas filas de hospitais desaparelhados, permitir que as estradas sejam mantidas adequadamente, evitar a entrada de drogas que corrompem nossa juventude, evitar que nosso patrimônio público seja "leilodoado" aos abutres estrangeiros. Em suma: poderiam trabalhar nestes 135 dias. Ou pelo menos, não atrapalhar a quem trabalha!
No entanto, passam o tempo tomando café, praticando "piano" a céu aberto, analisando para que partido irão se transferir, o que pedirão em troca para aprovar um projeto que interessa a um grupo poderoso, qual será a chapa que concorrerá às próximas eleições, que discursos vazios apresentarão nas campanhas, como violarão o painel do senado, quem será o Presidente do Senado e da Câmara, quais afilhados serão contemplados com cargos nas empresas estratégicas, praticam fisiologismo, nepotismo e estudam como evitar que colegas imorais percam suas imunidades. Enquanto isto, o povo paspalhão que trabalha 4 vezes mais, recebe 40 vezes menos e sustenta a mordomia de seus legisladores, que vá se distraindo com o futebol corrompido, com o samba elitizado e com as novelas que trazem mensagens de desrespeito aos valores familiares.
Haroldo P. Barboza – Matemático, Analista e Poeta - janeiro / 2002