Gosto de futebol desde que me entendo de gente. A bola sempre me fascinou, e, nas peladas sem camisa ou com qualquer camisa - ao gosto do peladeiro -, ou em time organizado, com sede, camisa própria, etc., quando recebia a número sete(de ponta direita); e, com o passar dos anos, com a dois (de lateral direito), sentia-me realizado, contente, feliz. A verdade é que sempre gostei de futebol e o pratiquei, embora que amadoristicamente. É claro que nunca fiz um gol como o Leandro (hoje pendurando as chuteiras no Flamengo, do Rio) fez em jogo do campeonato japonês; nem como o Maradona fez contra a Inglaterra, no México, depois de driblar vários ingleses, a partir do meio de campo; nem um gol de placa, como Pelé fez em partida Santos X Fluminense, no Maracanã: os três mais espetaculares que já aconteceram(na minha opinião).
Mas, como peladeiro, fiz alguns que lembro com saudade, como um de bola parada, em que mandei uma bomba, quase do meio de campo, em que a pelota entrou no ângulo direito; outro, em que driblei três zagueiros e o goleiro, etc.
Acontece que conheci dois escritores - hoje de saudosa memória -, um com estátua no Paque 13 de Maio-Recife-PE; outro, que foi vereador e chegou a assumir a prefeitura de Campina Grande-PB, que tinham aversão ao chamado esporte bretão: o Prof. Mário Melo, cronista do antigo Diário da Noite-Recife, que expressou todo seu desprezo à prática futebolística, quando escreveu: "Jogar futebol é o caminho para ser burro" e que "Fico estarrecido quando vejo tanta gente se dirigindo a um estádio de futebol, para ver vinte e dois homens de calção, correndo atrás de uma bola."
Dizia o Prof.e poeta Anésio Leão: "É um despropósito os professores e intelectuais ganharem tão pouco, enquanto um cara, por saber, apenas, chutar uma bola, ganha rios de dinheiro."
É claro que tudo é relativo: são poucos os jogadores de futebol que ganham muito, tendo em vista o grande número dos que o praticam, profissionalmente.
Por outro lado, é verdade que professores e escritores ganham pouco. Entre estes, os únicos que sabemos terem vivido de direito autoral, foram o baiano Jorge Amado e o gaúcho Érico Veríssimo. E, agora, vive o mago Paulo Coelho.
Por fim, admito ser da linha do saudoso cronista e teatrólogo Nelson Rodrigues: Futebol e Literatura não são irreconciliáveis - a gente pode gostar dos dois!
