Nesses últimos dias Brasília foi noticiário nacional pelas cenas grotescas de um casal segurando uma criança de sete anos para que o filho deles, da mesma idade, batesse no garoto. Tudo isso devido a uma desavença entre as crianças no parquinho.
As cenas nos agridem por dois motivos. Primeiramente pela covardia de dois adultos segurando uma criança para que ela fosse esmurrada por outra criança. Uma família inteira contra uma criança! Cabem aqui algumas perguntas que nós brasilienses estamos tentando responder: Qual a razão da violência daqueles pais? Por que o pai, o homem, aquele tem a obrigação moral de conduzir a família aos bons costumes e hábitos virtuosos, ensinou seu filho que violência se combate com violência? Por que a mãe, dona de toda a sabedoria comum às mulheres, não convenceu o varão de que não se deve ensinar violência às crias? O segundo motivo está mais no final.
Para refletir com você prestei atenção na tônica dos telejornais dos dias seguintes à covardia. A quase totalidade dos noticiários foram dedicados às violências em seus diversos tipos e atores. Tiroteio de bandido contra polícia, cada qual tentando mostrar quem manda nas ruas; certo religioso que violentou mais de duzentas mulheres, desobedecendo todos os mandamentos sagrados além dos códigos de honra criados pelos homens; políticos sendo mostrados roubando o dinheiro público, e o Presidente da República tentando salvá-los da penitência assinando uma autorização para roubar disfarçada de indulto.
Em Brasília não temos um museu de belas artes nem espetáculos que elevem nossa alma. Temos um programa na televisão exclusivo para falar dos bandidos dos grandes centros além das famosas novelas. Brasília, conhecida, erroneamente, pela conivência com a corrupção, tem os políticos ladrões estão presos em Curitiba quando deveriam ficar aqui. Temos uma penitenciária novinha em folha com poucos inquilinos! Por que o político ladrão não fica enjaulado em Brasília, local do furto? A simbologia das decisões é recheada de significados. O exemplo mais próximo seria a aplicação do adágio ‘aqui se faz, aqui se paga’.
Como pretendo refletir sobre a potência da não-violência, ainda acredito que a força de políticas sociais como geração de emprego e educação de qualidade vão impedir que os bandidos flertem com a criminalidade. Ainda acreditamos tanto no ser humano ao ponto de entregarmos a cura da nossa alma a um homem comum. Por um instante esquecemos que duvidaram até de Jesus Cristo! Reclamamos dos políticos ladrões mas eles existem porque votamos neles. A culpa é nossa que ao recebe-lo à nossa porta prometemos votar nele e cumprimos a promessa mesmo já tendo ouvido algumas notícias de seus atos feios.
O segundo motivo, agora de caráter mais refinado, é sobre a bondade e a beleza. O que o casal de valentões tem visto sobre belas artes, poesia ou música? O que tem entrado de bom, belo e harmônico em suas vidas? É possível que pessoas na companhia de pessoas virtuosas, em contato com a beleza das flores ou com a harmonia de um bosque sejam protagonistas de violência gratuita e covarde?
Não seria o momento de girarmos a chave e cultivarmos a bondade, a beleza e a harmonia como armas potentes para evitar a violência?