A decadência do futebol brasileiro começa fora dos campos por um fato simples: este esporte é comandado por grande parte dos políticos corruptos (ou de seus apadrinhados) que infestam o cenário nacional, sangrando os cofres públicos. Se metem as mãos nas finanças públicas, por que deixariam de faze-lo dentro de uma área que comove o povo e cuja fiscalização contábil é quase nula?
Além de sucatearem o patrimônio dos clubes fundados por verdadeiros esportistas há mais de 90 ou 100 anos, evidenciam toda a inteligência e "conhecimento" sobre a atividade (apesar da grande maioria nunca ter jogado bola), criando condições para que os aqueles percam sua credibilidade e tornem-se figurantes de espetáculos baratos para a tv explorar com grandes lucros. Observemos as últimas "pérolas" editadas pelos "cartolas" especialistas em definir regulamentos (que são rasgados ao final da competição se um grande clube é prejudicado. Assim como as leis cíveis são desrespeitadas se atingem alguma figura de destaque da sociedade pela habilidade de maus profissionais que "encontram" as brechas por onde os abastados clientes escapam).
1) O torneio Rio-São Paulo tem um critério "fabuloso" para definir um finalista em caso de empate entre duas equipes: a quantidade de punições (cartões amarelos e vermelhos) sofridas pelos atletas das equipes em disputa. Claro que devemos enaltecer qualquer tentativa de reduzir a violência dentro de campo (que floresce devido a estes mesmos cartolas que impedem as punições severas de atletas truculentos sobre os mais técnicos). Só que este critério de desempate deveria ser o quinto de uma escala e não o segundo! Tal fato permite que os juízes das partidas tenham meios diretos de definir os finalistas da competição, no lugar de aspectos técnicos que embelezam e apaixonam a disputa.
2) O finado campeonato carioca, decide o primeiro turno quando a competição já está na terceira rodada do segundo turno. Os vencedores dos turnos iniciais não recebem nenhuma pontuação bonificadora pela conquista obtida. O terceiro turno (que realmente decide a competição) é realizado entre os quatro maiores clubes (independente de sua performance nos turnos anteriores – só possuem vagas garantidas por terem as maiores torcidas) e quatro outros melhores colocados nos turnos anteriores.
Juntando estas "jóias" com as práticas de criação de ligas fantasmas que perpetuam dirigentes no comando das entidades estaduais, falsificação de certidão de nascimento de atletas, alteração de súmulas de jogos, roubo nas rendas dos jogos, compra e venda de jogadores pelo caixa 2, escândalos de "papeletas amarelas" e outras sujeiras que escurecem nossos gramados, o futuro de nosso esporte popular é tenebroso.
Pelo que ocorre nesta área, dá para visualizar o futuro do povo manietado, tendo em vista que as leis são escritas por esta mesma turma que apenas visa o aumento de seu patrimônio pessoal, mesmo que à base de desvios de verbas destinadas ao bem da comunidade.
Haroldo P. Barboza – Matemático, Analista de computador e Poeta – Abril / 2002