Conheci-o na década de cinquenta, em Santana do Ipanema-AL. Eu trabalhava na agência local do Banco do Brasil e ele era amigo da nossa turma. Tinha uma caminhonete Ford-1927, que chamava de Andorinha, em que fazia viagens aos municípios vizinhos de Olho d Água das Flores,Batalha, Jacaré dos Homens, Mata Grande, etc. Se orgulhava de ter feito viagem de ida e volta a Maceió - na Andorinha! - sem problemas.
Ele era uma espécie de líder comunitário, estava sempre disposto a ajudar pessoas enfermas e a fazer mudanças, com os beneficiados retribuindo com o que quisessem, mesmo que fosse um simples "muito obrigado". A amizade continuava a mesma e a fama dele, de pessoa atenciosa e prestativa ia se espalhando pelas redondezas.
A tal ponto que, quando saí de lá para Campina Grande-PB, aí por volta de 1956, já falarem na candidatura dele para deputado estadual. E, diziam que ganharia mesmo, a despeito de ter como inimigo político o prefeito de Santana, na época, o Adeildo Nepomuceno Mendes.
O certo é que Zé Amorim era muito querido na comunidade, por ser um rapaz correto e prestimoso.
Lembro-me dele como meu primeiro professor de auto, na Andorinha. Depois, fiz exame em Campina e psicotécnico aqui no Recife(rua Gervásio Pires - Boa Vista).
Quando era aluno do Zé Amorim, , um garoto da cidade foi vítima de queimaduras graves, ao acender fogo perto de combustível. Ele levou-o a Palmeira dos Índios; depois, Maceió, mas, infelizmente, a criança faleceu.
Um dia, em Campina, soube que o Zé Amorim tinha sido morto em Santana, vítima do prefeito, que teria mandado apagar as luzes da cidade, enquanto pistoleiros faziam o "serviço".
Dizem que seu corpo foi encontrado a poucos metros da casa em que morava, para onde, provavelmente, se dirigia em busca de abrigo.
Não sei em que deu o processo. Se alguém pagou pelo crime. Porém, como tem acontecido em outros casos, é possível que seus algoses tenham ficado impunes, para serem julgados pela justiça divina!
Com estas breves linhas, quis prestar esta homenagem - embora que tardia - à memória do morto, que foi uma pessoa de bem.