----- Cheguei aqui, quiçá para encontrá-la! Sei, presumo, que poderá ser você o meu subtil achado, após ter saído da rua deserta, absolutamente ciente da minha sombra face à parede do anódino quotidiano. Arauto do movimento, iludido com a minha deusa, não cesso de sonhar a clareira verde...
----- É importante, já que estou aqui, que a encontre entre tantos fantasmas, passando meus olhos lacrimosos na sua imagem prometida e ouça pelo menos o doce sussurro de tão harmonioso conselho, escudo sublime contra quedas e desenganos.
----- Vejo – até me abraço – que não cesso de abrir o pensamento e controlar-me para absorver o perfume de seu rumo ao longo da estrada, voluntáriamente, todo dado a você. Sempre soube e senti que você existia, e não é ironia, não, não é artimanha do destino.
----- Então, enfim encontrado – vê?! – reajo, agito-me até perder todos os defeitos que ainda me restam, esperançado que você seja a actriz providencial do meu palco, num só único acto, o final, onde tenciono bater palmas só para nós dois. Creia, com você em cena, a plateia, para mim, estará sempre vazia. Só você me interessa como fio condutor da minha arte de representar a vida, de vez acorrentado a um corpo tão deliciosamente esbelto: a minha entrada e o meu reencontro.