Há algum tempo vemos o nome de
Bolsonaro, ao menos aparentemente, crescendo nas pesquisas e, com certeza,
deixando claro, já de forma mais direta que indireta, que é candidato a
presidente do Brasil em 2018. Eu, como muitos, vejo o cara como meu candidato,
até porque não teria como não fazê-lo, uma vez que aborda melhor que todo o
restante temas como segurança pública e o fim do desarmamento, duas áreas que
me interessam e que os governos pós-período militar praticamente deixaram às
moscas, entregando o País nas mãos de facções criminosas de toda a espécie,
maiores ou menores, mais ou menos influentes dentro do nosso governo; acabaram
com nossa educação e fizeram com que a maior parte dos jovens que nasceram no
período após 1984 sejam praticamente analfabetos funcionais; professores não
têm autoridade, pais não têm autoridade, enfim, saúde, educação e segurança
simplesmente não funcionam, se é que existem.
Qualquer candidato que se manifeste a
favor de mudanças, de trazer de volta ou melhorar o que funcionava antes é
bem-vindo pra mim. Calhou de Bolsonaro ter se apresentado como uma proposta que
o mostrou como o melhor (ou o menos pior) dos possíveis candidatos em 2018. Não
vou entrar no mérito dele conseguir governar ou não por falta de apoio no
congresso nacional, acho que isso é assunto para outra hora, embora tenha, sim,
que ser discutido. Mas a grande preocupação, a meu ver, nesse período em que
alguém que parece ser um comandante ideal mostra interesse em representar o
País no planalto, é outra: o conceito de liberdade, Estado mínimo e as mudanças
pelas quais o povo clama.
O povo brasileiro está realmente
preparado para ser livre? Para viver em um Estado que não necessariamente
interfira em questões que não são essencialmente dependentes de sua
intervenção? Longe de mim querer conspirar contra isso, mas acho importante que
cada um se faça essa pergunta. Eu já havia meditado sobre o assunto antes e, de
alguns dias pra cá, quando uma exposição de arte do Santander foi atacada nas
redes sociais por conteúdos desagradáveis a alguns, não tive como não pensar
sobre o assunto e me perguntar o que seria essa “liberdade” de que tanto se
fala, pois o que parece que ela se limita apenas ao que é agradável a um
determinado grupo de pessoas e, infelizmente, liberdade plena, não pode ser
assim.
Li comentários sobre a exposição em
que seus idealizadores eram condenados por blasfêmia, por incentivar a
pedofilia, etc, etc, que os valores familiares estavam sendo deturpados, que o
Santander tinha de ser punido, etc. O que pude entender sobre quem condenava a
exposição é que tudo que fala contra Deus, contra os cristãos ou o que quer que
seja tem de ser tratado como ato criminoso. Eu, particularmente, faço oposição
ao Cristianismo justamente porque, durante meu tempo de cristão, pude
identificar falhas gritantes nesta crença, que é mais diabólica que o próprio
demônio (acreditar que um inocente deva ser encaminhado à cruz pra pagar pelos
pecados de uma humanidade que deve tudo em vez de cada um pagar por seus
pecados?), mas nem por isso vou dizer que alguém deve deixar de ser cristão ou
mesmo me afastar de quem o é. Mas, uma vez que se quer uma sociedade livre, tem
de haver espaço para todos, seja cristão, muçulmano, judeu, umbandista, ateu ou
o que quer que seja. Dizer que alguém deve ser discriminado pela crença que
exerce é praticamente o mesmo que achar que todos devem ser desarmados pelo
fato de “armas oferecerem risco à segurança”.
O mesmo vale para outros temas como
opção sexual, discordâncias quanto à moda, estilo musical e assim por diante.
Até mesmo planejamento familiar, existe algo de errado em se cuidar apenas do
que está debaixo do próprio teto? Ou será que o que se tem ao redor é tão
desagradável que é preferível lembrar que na casa dos outros existem problemas?
Falando das preferências de cada um, determinado local toca algum tipo de
música que não é de seu agrado, em templos satânicos fala-se de assuntos que
não são do seu interesse ou ofendem ao seu Deus? Ok, velho, e o que você tem a
fazer nesses lugares que te impedem de estar em outros que seriam mais
interessantes a você? Não quer que seus filhos vão à exposição do Santander por
causa do conteúdo “nocivo” que ali está? Até onde eu sei os pais são avisados
com antecedência caso a escola vá desenvolver algum tipo de atividade externa,
então por que não se manifestaram com antecedência sobre seus filhos
comparecerem ou não ao ato?
O assunto liberdade é delicado e
recomendo atenção a ele, caso contrário logo a chamada “direita” irá acabar se
tornando nada mais, nada menos, que uma esquerda vista num espelho distorcido. Espaço
público é para todos e não pode ser violado nem por um, nem por outro. Mas,
dentro de um espaço particular, destinado a algum tipo de atividade, que só
esteja ali quem realmente se interessar pelo que é veiculado, do contrário vai
estar atacando o direito alheio e indo contra até mesmo o princípio de nação
livre que tanto prega, transformando tudo em libertinagem. Pra não falar de atacar um determinado
conceito de arte apenas por não entende-lo, correndo o risco de acabar se
tornando alguém sobre quem Michael Moore faria um filme.
Mantenhamos o foco...