Acho que demorei muito para escrever sobre esse assunto, mas
me reservo o direito de justificar essa demora pelo fato de que a questão é
delicada para mim, já que eu mesmo, vergonhosamente, também me deixei enganar
por algum tempo e, por que não admitir, mais do que uma vez, pela hipótese de
que uma intervenção das forças armadas seria uma solução para o mar de lama que
assola o País. Errei, e, por mais duro que seja, errei duas vezes. Mas, como mais um infeliz pagador de impostos
que sou, tendo a me apegar a toda e qualquer esperança de que a situação
melhore não apenas para mim como para o País. Infelizmente, fica cada vez mais
claro que não é o que promete acontecer.
Há mais de um ano venho tendo sérios problemas com o
Exército devido a um processo de revalidação de um Certificado de Registro (CR)
de Colecionador, que procurei transformar em um de Atirador Desportivo, e os
transtornos não poderiam ser maiores. Uma arma que já teria, segundo documento
expedido pelo próprio exército (no caso, a 2ªRM), seria a causa do problema
todo e, mesmo tendo sido enviadas diversas vezes e-mails contendo cópias dos
documentos comprovando que as supostas pendências já haviam sido cumpridas, que
a arma não constava mais no acervo de colecionador e que o documento poderia
ser revalidado, já que esta seria a única coisa errada, o Exército persistia no
fato de que o procedimento não havia sido realizado. Decidido a resolver de vez
a questão vendi a arma e, mesmo tendo
sido protocolado na Polícia Federal processo para expedição de registro no nome
de novo dono, o processo foi indeferido, de modo que terminei por desistir do
mesmo e me preparo, agora, para transferir para a Polícia Federal, a única arma
que ainda constava em meu CR, haja visto que não tenho como confiar o registro
de armamento em meu nome a uma organização que, na melhor das hipóteses, é
apenas desorganizada. Eu me pergunto o que fazem com as taxas que são pagas
pelos serviços, já que nada disso sai de graça.
Pendências que não existem, problemas causados por um
sistema patético de agendamento que faz com que seja mais fácil conseguir
acertar as seis dezenas da Mega do que agendar um horário para ser atendido,
procedimentos que mudam a toda hora e uma desorganização sem igual, começando
pela falta de sintonia entre os departamentos responsáveis por esta ou aquela
função, sempre buscando demonstrar que tudo é muito sério e funciona como um
relógio, de forma impecável, mesmo que, na verdade, não seja nem de longe de
poder ser equiparado a uma tira do Recruta Zero (pra quem não sabe, a produção
de uma tira requer muito trabalho, organização, pra não falar de inspiração).
Eu poderia acreditar que se trata de enganos, que foi um erro (ainda que um ano
para se conseguir revalidar um CR quando não existem pendências não pode ser
resultado de um erro ou incompetência, mas, visivelmente, de algo mais) não
fosse este um problema não apenas meu, mas, também, de outros colecionadores e
atiradores, bem como de estabelecimentos comerciais, que ou não possuem
pendências ou já as resolveram, e que continuam com seus cofres lacrados e seus
CR’s vencidos, impossibilitados não apenas de vender armas de fogo mas também
de entregar as que já estão pagas.
Agora, alguns devem estar se perguntando: o que tudo isso
tem a ver com “intervenção militar” e minha crença ou desilusão com a mesma?
Questão de se pensar: há muito tempo já venho me perguntando se, quando Lula
era presidente e o Estatuto do Desarmamento entrou em vigor, tendo nossas armas
sido entregues às mãos do Exército, ele já não sabia que isso aconteceria e que
estaríamos nas mãos de pessoas ligadas a este mesmo esquerdismo dos quais,
muitos acreditam, que eles nos salvariam. Eu já cheguei à conclusão que, das
duas, uma: ou aqueles que controlam as armas são mal intencionados e servem aos
interesses dos criminosos travestidos de parlamentares que enchem os bolsos às
custas de nossos impostos, ou simplesmente não têm vocação, organização e
disciplina para cuidar dos problemas que dizem respeito a nossos armamentos.
Particularmente, não acho que seja questão de se tratar do mal intencionado ou
incompetente, pois não creio que se chegue a uma patente alta o bastante para
se comandar uma região militar sem que se saiba o que está fazendo...
Dizem que um homem é conhecido quando se dá poder a ele.
Talvez seja hora, então, de começarmos a prestar atenção às ações destes que
têm poder para decidir sobre as armas daqueles que têm de comprovar requisitos
para possuir uma, pois há muito tempo, estamos na mira de quem não tem de
comprovar requisito algum, possui armamento que os coloca acima de nossos
militares e que, dia após dia, conquista mais e mais direitos que nós.