Opção sexual, raça e credo religioso: eis aí coisas que não
sei como foram se tornar plataforma política. Como se a particularidade de
alguém dissesse respeito ao interesse público ou fosse mudar alguma coisa na
vida do País em geral. Independente da sexualidade, religião ou grupo étnico a
que a pessoa pertença a Constituição é clara quando diz que o que existe são
cidadãos brasileiros, sem que se haja necessidade de se criar direitos
especiais para qualquer grupo que seja, salvo condições de força maior que
realmente exijam que esses direitos existam, como no caso de cotas em concursos
públicos ou universidades públicas para deficientes físicos ou mentais, pessoas
que realmente teriam problemas para arrumar um emprego ou para estudar. Já os
itens discutidos aqui, nenhum deles torna ninguém mais ou menos capaz ou lhes
dá maior ou menor possibilidade de progresso.
Aborto: hilariante a forma como muitos se manifestam contra
ele, como se fosse algo que afeta diretamente aqueles que não se conformam com
sua existência. Entretanto, não vejo ninguém disposto a adotar a criança que
possivelmente vai ser abortada, não passam de palpiteiros de plantão que se
mostram mais como desocupados interessados no planejamento familiar e vida
alheios do que realmente em apresentar qualquer solução que seja, e, por que
não dizer, seis ou sete de cada dez que se posicionam contra o aborto são os
primeiros a procurar clínicas clandestinas ou remédios abortivos quando a
situação aperta e estão a poucos passos de terem um filho indesejado. Que se
libere o aborto até certo ponto da gravidez, sem necessariamente incentivá-lo,
e que não seja custeado pelo Sistema Único de Saúde, mas que acima de tudo cada
cabeça seja uma sentença e que não fiquemos cuidando de problemas alheios sendo
que não resolvemos nem os nossos.
Maconha: não uso e, particularmente, sou contra o uso dela,
mas não posso fingir que o problema não existe e nem dizer quem deve ou não
fazer uso dessa merda. Assunto complicado, enfim. Legalizar não irá reduzir o
tráfico, pois traficante que mata por dinheiro não vai querer pagar imposto,
que será resultado imediato da legalização, e os efeitos do uso da droga podem
causar tantos danos quanto o uso de drogas legalizadas como o álcool causariam.
Regulamente-se, então, o uso, de forma que o usuário possa usar o produto
apenas dentro da própria casa ou em locais devidamente regulamentados para o
uso da droga. Lembrando-se que me refiro apenas à maconha e que o uso de demais
drogas como cocaína ou outras já proibidas devem continuar sendo combatidas
devido às alterações que causam no psicológico (já tentei lutar com alguém
muito louco de farinha e o resultado foi bem ruim, simplesmente perde-se todo
medo da dor e de qualquer consequência do confronto, razão pela qual o usuário
se torna extremamente perigoso, coisa que não acontece com a maconha).
Papel do Estado e da administração pública na vida do
cidadão: o Estado deve limitar-se unicamente a um papel de administrador dos
bens públicos, gerenciando Educação, Saúde, Segurança Pública e nada mais, cada
um desses de acordo com suas esferas e subconjuntos nos quais sejam divididos
de acordo com as necessidades de cada setor. O governo federal deverá existir
na qualidade de mediador e de conciliador entre os Estados da federação, um
órgão central que não necessariamente comandará os órgãos dos Estados, que
possuirão autonomia entre si, seja esta tributária, judiciária, legislativa ou
executiva, possuindo cada um deles sua própria lei penal e tributária.