Observar e descrever o sistema de ensino superior no país, é no mínimo, tarefa desafiadora
e complexa em face da diversidade de sua estrutura e organização. Principalmente diante do contemporâneo
contexto da educação no Brasil, considerando os inúmeros fatores de ordem econômica, social, cultural entre outros.
É necessário realizar certo resgate histórico abordando desde a criação das primeiras instituições de ensino superior
e a sua vigente configuração e organização, especialmente as divisões em que se distribuem as instituições e
tentar-se-á fazer algumas considerações sobre as tendências e perspectivas que o futuro nos reserva.
Nossa reflexão pode ser feita através da apreciação de certos dados estatísticos a respeito do funcionamento da
educação no Brasil, em particular, a educação superior.
Muito do que a educação superior apresenta atualmente se deve ao seu cenário e contexto histórico, sofrendo influências
locais, regionais e até mundial. O Brasil está situado na América Latina, é o único país a ter o idioma português, quando
a grande maioria faz uso do espanhol em seus mais diferentes matizes. È um país de tamanho continental dotado de
exacerbada pobreza e cruéis desigualdades sociais.
O Banco Mundial em seu estudo sobre a América Latina ressaltou que é o continente de maior número de índices desiguais
em diversos aspectos, incluindo-se, a distribuição de rendas, despesas com bens de consumo, serviços, acesso à saúde e, principalmente,
acesso à educação. Mas, mesmo assim, a universidade na América Latina, desde seu surgimento, tem assumido e desempenhado
um papel mais relevante do que sua responsabilidade formativa. Pois tem a decisão de formar cidadãos
empenhados com o compromisso social e, com a luta contínua para a diminuição de desiguladades, com a criação de oportunidade para todos,
com o compromisso do desenvolvimento econômico e social e, a consequente construção e manutenção de identidades culturais.
O maior desafio para os países latino-americanos consiste em oferecer aprendizaem, investigação
e oportunidades de trabalho para seus discentes, de forma equitativa e equilibrada. Além de assegurar conhecimentos
aperfeiçoadas que também oportunizem o desenvolvimento de suas economias, uma vez que esses mesmos países estão se convertendo em protagonistas no
mercado global.
Os países da América Latina têm caminhado positivamente no sentido de cada vez mais criar maiores oportunidades para formar seus cidadãos
e aumentar as reservas de capital intelectual e de profissionais altamente qualificados, além de oferecer-lhe condições de acesso ao mercado de trabalho
com vistas à geração de renda e melhoria de condições de vida.
No Brasil, as matrículas de acesso ao ensino superior praticamente dobraram nas derradeiras décadas e aina continuam a se expandir bem como há o incremento
da diversificação de oportunidades de ingresso em diferentes áreas de conhecimento no sistema de Ensino Superior.
Mesmo diante tantos esforços esses se revelam insuficientes para atender adequadamente
à demanda de indivíduos aptos para usufruírem das oportunidades de formação em nível superior e para atender às necessidades de colocação
de profissionais no mercado de trabalho, fazendo com que ainda não seja uma realidade no país e, mesmo na América Latina.
São poucas as instituições de ensino superior existentes que enfrentam a diversidade de problemas, especialmente,
no que se referem à qualidade, às desigualdades regionais e ao desequilíbrio da quantidade de profissionais qualificadas em áreas específicas em desajusto e em
descompassado com as exigências do mercado de trabalho contemporâneo.
Tal contexto nos remete à constante necessidade de existir obsrvatórios permanentes que acompanhem a evolução das civilizações, seus novos
contornos, suas novas exigências, suas necssidades, que façam leituras adequadas e plenas de como se pode através
da educação resolver problemas cruciais que desequilibram o bem-estar social das populações.
A universidade surgiu no Brasil no começo do século XIX, sendo o resultado da formação de elites que buscaram
a educação principalmente em instituições europeias durante o período de 1500 até 1800 e, que retornaram ao país portanto sua qualificação.
Estas universidades surgiram em momentos conturbados e são basicamente fruto da reunião de institutos isolados ou de faculdades específicas, o que lhes
deu uma característica bastante fragmentada e frágil.
As universidades em nosso país contam com enormes diferenças históricas se comparadas às instituições de ensino de outros países latino-americanos.
Estas são bem mais jovens do que as instituições de ensino superior de outros países da América Latina.
Resultaram, ainda, da demanda do mercado que sinalizava para a necessidade de formação de profissionais com qualificação fundamentalmente em áreas das
engenharias, medicina e direito. Inicialmente, estavam situadas nas grandes metrópoles economicamente mais importantes para o Brasil da época.
A primeira universidade brasileira foi a Universidade do Rio de Janeiro que foi fundada em 1920, na cidade maravilhosa e, definitivamente
traçou os rumos da educação superior no país, sinalizando assim uma nova era. E, a partir daí, deflagram-se alguns momentos creuciais da história da
educação brasileira de nível superior.
Ressalte-se que num primeiro momento, as universidades tinham a orientação de dar maior ênfase ao enisno do que propriamente à investigação.
Instituições extremamente elitista, com nítida orientação profissional.
No período de trinta anos, compreendido entre 1930 (revolução industrial) ate 1964 foram criadas mais de vinte universidades federais no Brasil.
Tais como a Universidade de São Paulo, em 1934, com a contratação de grande número de professores europeus, marcaram a forte expansão do sistema público
federal de educação superior. E, nesse mesmo período, surgem algumas unviersidades religiosas (católicas e presbiterianas).
Em 1968, tem-se a terceira fase da educação superior brasileria com o movimento da reforma universitária, que tinham com base a eficiência
administrattiva, estrutura departamental e indissociabilidade do ensino, pesquisa e extensão como o mote principal das instituições de ensino superior.
No contexto da década de 70 impulsionou o desenvolvimento de cursos de prós-graduação no Brasil e a possibilidade de realização de cursos de pós-graduação no exterior,
com vistas à capacitação avançada do corpo docente brasileiro.
E, a partir da década de noventa, iniciou-se uma quarta fase inaugurada com a Constituição de 1988 e com a homologação de leis que passaram
a disciplinar a educação superior. Havia a necessidade de flexibilização do sistema, redução do papel exercido pelo governo, ampliação do sistema
e melhoria nos processos de avaliação com vistas à elevação da qualidade.
Percebe-se que assim surgiram e se desenvolveram as instituições de ensino superior brasileiras, buscando atender
ao mercado que solicitava profissionais qualificados, ao mesmo tempo, que também buscava criar sua própria identidade
enquanto sistema de educação, considerado até hoje, como uma das mais preciosas construções do Brasil.
O Brasil perdeu a oitava posição de maior PIB para a Itália, enquanto que o Reino Unido
está prestes a ascender dois degraus numa classificação que em números absolutos, aponta para os EUA que ocupa o primeiro
lugar do podium garantido pelos próximos cinco anos. Atualmente o Brasil é o nono país no ranking mundial do Produto Interno Bruto (PIB)
possuindo dimensões territoriais de um continente, com extensão territorial equivalente a 8,5 milhões de quilômetros
quadrados e sua população já ultrapassa ao número de 183 milhões de habitantes que crece em taxa anual de 1, 31 por cento.
Nossa realidade onde estão inseridas as instituições de ensino superior, que traçam um sistema
complexo, diversificado, em constante mudança e expansão e que já conta com reformas universitárias. Que foram duas grandes
alterações ocorridas no superior, durante a ditadura militar e o governo Lula.
A reforma universitária da ditadura militar, de 1968, se refere a uma série de leis que modificaram o ensino superior
nas décadas de 1960 e 1970, incluindo como medidas, a substituição do sistema de cátedras pelo de departamentos, institutos e centros e, a
desintegração das Faculdades de Filosofia, Ciências e Letras.
Entre alguns marcos importantes da reforma, amparados pelo então vigente Ato Institucional nº5, estiveram o Relatório Atcon (1966, 1970),
a Lei 5.540 (1968), o Relatório Meira Mattos (1968) e Decreto-Lei 477 (1969).
A reforma representou mudança de organização. Mais tarde, adveio o modelo de cidade universitária, com faculdades autônomas em edifícios
isolados, distribuídos em uma extensa área urbana ou rural. Com a reforma universitária,a dotou-se o modelo norte-americano de campus, com instalações
separadas das cidades, possuindo edifícios com funções bem delimitadas, primando pelo racionalismo da arquitetura moderna.
Já a reforma universitária do governo Lula, como parte do Plano de Desenvolvimento da Educação, se constitui de conjunto de decretos, projetos
de leis, resoluções e portarias. Associados à reforma, estiveram o Prouni, o Enade, a Lei de Inovação Tecnológica,
o Decreto das Fundações e a Universdiade Nova.
A proposta original com autoria do Ministério da Educação fora elaborada gradativametne durante os primeiros anos do governo Lula e,
sofreu alterações a partir de suegestões de diversos setores da sociedade que podem ser verificadas através de quatro anteprojetos.
Em segudia, for enviado para a discussão no COnfresso Nacional onde recebeu diversas propostas de emendas.
A primeira versão continha trinta e cinco páginas, a segunda, vinte e três e, a terceira
cinquenta e sete.. e, ainda faz referência a outras leis durante o seu texto demandando assim atenção especial para
a adequada compreensão.
É importante salientar que é muito comum ocorrer grande confusão no uso da nomenclatura das instituições de ensino superior,
uma vez que as definições nem sempre cumprem a missão e do caráter das instituições, e, principalmente, porque nem todas as instituições
são universidades.
Os debates sobre a temática, em geral, reduzem-se a mera distinção entre a públicas e privadas,
colocando todas as instituições como iguais em sua natureza institucional e missão, o que, na realidade,
acaba por ignorar a diversificação e a riqueza desse sistema educacional.
Resta evidenciado que a riqueza da realidade e a diversidade das instituições de ensnino superior,
então se torna também necessário entender o porquê da necessidade de estabelecerem-se algumas classificações, não
com o objetivo de enquadrar o sistema nacional de ensino superior, mas acima de tudo, para poder
respeitar e entender a identidade, a missão e a finalidade de cada instituição, dentro das diferentes realidades
nas quais estas estão inseridas.
https://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:L5NopYDaN3IJ:https://www.ucs.br/site/midia/arquivos/sistema_ensino_superior.pdf+&cd=3&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br
A pesquisa é importante.
O surgimento da pesquisa é localizado na organização de alguns cientista que realizaram meios
para solucionar problemas. E, tais práticas que tiveram êxito, foram a base para se elaborar processos
que se tornaram eficazes e permitiram a otimização em vários segmentos do conhecimento humano.
O ensino que se limita apenas aos conhecimentos existentes sem propiciar a busca pela pesquisa
corre o risco fatal de manter práticas e soluções arcaicas. É preciso que além de ensinar, deve-se orientar
as pessoas a buscarem as soluções para os problemas que a vida oferece, sejam estes, quais forem.
O ensino só tem real semântica quando admite a descoberta, quando instiga a curiosidade, sem isso,
o ensino não tem sentido, conforme já bem definiu Paulo Freire.
In litteris:
Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses que-fazeres se encontram
um no corpo do outro. Enquanto ensino continuo buscando, reprocurando. Ensino
porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar,
constatando, intervenho, intervindo educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que
ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade.
Diante do cotidiano dinâmico e fugaz há sempre uma dificuldade na conciliação da pesquisa
com o processo de ensino-aprendizagem, muitos alegam que não existe tempo suficiente,
outros, a falta de espaço físico adequado, que atenda as exigências funcionais, que não comportam
as atividades de pesquisa, mas é preciso que o docente adtente-se ao fato de que a pesquisa é o exercício
necessário para qualquer profissão.
Somente muito recentemente os professores universitáraios começaram a se conscientizar de que
a docência, assim como a pesquisa é o exercício de qualquer profissão, e exige capacitação própria
e específica.
Sabemos, ab initio, de que as instituições de ensino superior assim como as instituições
educativas, são parcialmente responsáveis pela formação de seus membros como cidadãos (seres humanos
e sociais) e profissionais competentes.
Assim, há a falácia de que o professor universitário não necessita tanto de formação didática,
tal como os professores do ensino médio e fundamental, mas, com o decorrer do tempo,
fez-se indispensável a formação desses docentes no nível educacional. Portanto, é necessário
ressaltar que os docentes que tenham a pesquisa como a fonte de alargamento do conhecimento
da matéria lecionada. É importante sim, a didática para o ensino superior, bem como a formação
continuada e reciclagem persistente do corpo docente.
A pesquisa envolve um projeto de formação inicial e continuada da instituição, e tem como fito
desenvolver habilidades e atitudes de investigação do docente, é perceptível que o mesmo
levante o questionamento para a busca de soluções sociais, políticos e culturais.
Precisamos analisar as possibilidades didático-pedagógicas da prática da pesquisa realizada
nas atividades de Iniciação Científica, além de servir a pesquisa como ponte de conexão entre os
graduandos com os projetos docentes da Pós-Graduação, uma perspectiva de uma formação profissional com
qualidade.
A universidade é um dos espaços públicos que privilegiadamente podem e devem vicejar as reflexões,
os conhecimentos e as técnicas, em clima de interação, com aceitação das contradições, e das diferentes
visões de mundo, da liberdade de pensamento e da criação. A formação e conhecimento com qualidade
científica e pertin~encia social se entrelaçam na concretização da responsabilidade pública da universidade.
A educação precisa estar enfocada na relaçaõ inserparável do educador e seu educando, porque a necessidade da existência
de um, depende da existência do outros. E, assim, analise-se a existência e na convivência de trocas de conhecimentos e
experiências, para que ocorram as possibilidades de transformação de um ensino reprodutor de ideias para um processo de
ensino-aprendizagem criador que seja libertador da realidade desigual, histórica, social, econômica e política
da sociedade humana moderna.
Referências
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. 41ª
reimpressão. São Paulo: Paes e Terra, 1996.
GIL, Antonio Carlos. Metodologia do Ensino Superior. 4.ed. São Paulo: Atlas, 2005.
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