“Enxergamos o que somos ensinados a enxergar”. Não é frase minha, mas de religiosos, tentando explicar a razão de outras pessoas crerem diferentemente deles e não verem os entes espirituais por eles vistos. E têm razão em parte. Assim como eles, os que não vêem o que é visto por eles não receberam o ensinamento por eles recebido. Ou até receberam, mas também conheceram outras posições.
Eu nasci em família católica, aprendia com minha mãe diversas orações e lia o catecismo. Em um ambiente rural, infestado das mais grotescas superstições, ser-me-ia possível avistar nos momentos invisíveis da noite o que viam muitos dos meus vizinhos. Todavia, até influenciado pelo meu irmão mais velho, que procurava ver de perto todas as assombrações que encontrasse no caminho, verifiquei que tudo que se me apresentava como os entes sobrenaturais de que falavam as pessoas eram coisas da natureza que assumiam formas desenhadas nas nossas mentes pelas pessoas que acreditavam em todo aquele universo imaginário.
Entretanto, não obstante não os visse nunca, eu não duvidada da existência de Deus, anjos e o Diabo.
Ao começar a ler a Bíblia, sentia que muitas coisas estavam muito distonantes do que a religião ensinava. Porém, ao conhecer outra religião, esta veio a apresentar o que imaginei ser a “VERDADE”, a Igreja Católica se apostatara e desviara dos verdadeiros princípios divinos.
Por alguns anos, tudo parecia muito claro, até que comecei a perceber contradições na nova doutrina, na qual estava me aprofundando. Tentei descobrir entre as milhares de igrejas quem realmente estaria com a chamada “verdade”, mas, não demorou muito, vi a própria Bíblia como o mais contraditório dos livros. Tudo que fizera tentando apurar a verdade só me levara ao aumento da dúvida.
Descobrindo na chamada “palavra de Deus” um pensamento humano bem mais primitivo do que o de meus dias (ver Um Ateu Graças a Deus...), passei a analisar tudo que ouvira que fosse considerado indício da existência das divindades. Nada me parecia provar que fosse mais justificável crer na existência de “Jeová”, “Alá”, ou “Deus” do que de “Júpiter”, “Saturno”, “Diana”, “Baal”, “Moloque” ou qualquer outro deus de quaisquer povos.
Revendo tudo que se me apresentara em todos os tempos, não vi diferença entre religião e mitologia, a não ser a diferença feita na mente de cada um.