Regularmente encontramos pessoas numa animada conversa afirmando que o Brasil tem tudo para se tornar uma das cinco maiores potências do mundo. Vasto território abençoado por Deus com imensa bacia hidrográfica, florestas consistentes, solo fértil, milhares de espécies de animais, quase todos os tipos de alimentos imaginados, minérios de todo tipo, clima quente na maior parte do ano e paisagens deslumbrantes. Poderíamos talvez cercar todas as fronteiras com altos muros e viveríamos neste paraíso por dez mil anos sem depender de ninguém. Depois de toda esta exaltação de tantas virtudes, o mais pessimista (ou realista?) da turma apenas murmura: - mas o povinho daqui não ajuda.
Começamos a nos comparar com povos que habitam regiões inóspitas e maltratadas pela Natureza. Apesar disto, superam suas dificuldades e despontam no cenário mundial com respeito. Importam quase todas suas necessidades básicas e conseguem gerar produtos de alta qualidade desejados pelos ávidos consumidores. Suas balanças comerciais sempre tendem a seu favor, enriquecem, emprestam dinheiro aos gigantes desgovernados como nós e determinam as regras de conduta do planeta.
Fazemos uma rápida pesquisa mental e começamos a nos lembrar de grandes nomes nacionais que despontam em todos os ramos de atividades: desde o esporte até a medicina. Ora, então não somos tão despreparados que não possamos saber conduzir nossos próprios destinos sem ter de ficar pedindo a benção de gaviões estrangeiros. Em todas as atividades temos elementos de enorme potencial reconhecido pelo mundo inteiro. Como é possível que banqueiros da pequena Espanha comecem a dominar nosso mercado financeiro sem serem molestados?
Alguns afirmam que nosso país ainda é jovem, pois só tem 502 anos. Efetivamente temos de descontar os primeiros 300 ou 350 anos quando aqui era apenas a grande mina do mundo, entreposto aonde diversos navios de diversas nações vinham buscar seus insumos a preço de banana (nanica). E dos últimos 200 ou 150 anos que temos, pouco há do que nos orgulharmos. Suspeita-se que o grito (ou arroto?) de independência, a libertação dos escravos e a proclamação da república (eventos que não foram assinados com sangue de batalhas) foram atos administrativos de interesse de grupos financeiros internacionais, pois era preciso transformar a colônia em país que tivesse meios legais de começar a solicitar empréstimos que o tornasse um eterno prisioneiro virtual dos seus credores.
Desta seqüência, realmente não foi possível forjar um povo bravo e com identidade suficiente para saber trilhar seu caminho com dignidade e altivez. Diferente das nações que passaram por guerras, epidemias e catástrofes da natureza, que duraram longos anos e uniram toda uma geração em torno de um pensamento único: tira-la do fundo do poço. Segundo a frase de um drogado, este é o melhor lugar para se começar a erguer nossa vida.
Certamente as atitudes que nossos dirigentes políticos praticam no sentido de apressar nossa queda no abismo da miséria através de uma convulsão social, tem por objetivo nos colocar neste patamar onde encontraremos as forças para iniciar a caminhada em direção à felicidade que nosso povo merece. Temos recursos e potencial para isto. E saberemos homenagear a estes valentes bandos de corruptos que estão abrindo os caminhos para que logo cheguemos ao caos total. Honra aos nossos "heróis".
Haroldo P. Barboza – Matemático, Analista de computador e Poeta – Maio / 2002
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