Não existe tirania que resista de uma gargalhada. Os ditadores são sisudos. São patologicamente sérios. Já vivemos a ditadura de Vargas e a dos militares. O povo brasileiro é genial pois, sobrevive as intempéries mais variadas... E prosseguirá. Não adianta cercear nossa liberdade. Tentar nos calar, sufocando-nos. Pois outras vozes sempre ecoaram.
Pois, novos protestos denunciarão diariamente a tentativa vã de sufocar nossa democracia infantil. Nossa história repleta de percalços e acidentes grotescos não esmoreceu nosso povo que sobrevive impávido. Apesar de. Não adianta proferir piadas infames, mentiras mirabolantes e, chistes infelizes e envergonhantes. Não desistiremos de amar nossa pátria.
De sermos um povo alegre e trabalhador. De resistir as agruras da seca do Nordeste, ao desmatamento da Amazônia e as queimadas do Pantanal. Nossa consciência continua limpa por acreditar erroneamente naqueles a quem devotamos confiança e, nos trai publicamente e implacavelmente. Nossa consciência continua íntegra apesar de errarmos. Pois há muita poesia para nos salvar.
Já dizia Mário Quintana:
“Todos esses que aí estão.
Atravacando meu caminho,
Eles passarão ...
Eu passarinho!”.
Por derradeiro, me socorro com Drummond que em sua genialidade mineira, profetizou:
“No meio do caminho tinha uma pedra.
Tinha uma pedra no meio do caminho.
Tinha uma pedra.
No meio do caminho tinha pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
Na vida de minhas retinas tão fatigadas
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
Tinha uma pedra.
Tinha pedra no meio do caminho”.
Assim, prosseguem os caminhos, de superação em superação. De resiliência em resiliência.
E, um dia, tal como no poema da Esperança de Cecília Meireles, finalizaremos:
“Eleito, ó Eleito,
Dize que me deixaras ficar
Lá, onde Tu moras,
Nesse país tão luminoso
Que, de olhos extintos,
Se pode ver...”
Seremos mil vezes o passarinho, encontraremos pedras no meio do caminho e, continuaremos, a ver o país tão luminoso, mesmo de olhos extintos, poderemos ver... nossa resistência. A prova cabal é que todos os poetas acima citados foram brasileiros como nós.
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