Reproduzo aqui uma deleitosa crónica de mais de 15 anos agora, de autoria de um dos mais emblemáticos escritores que já militaram neste sítio literário. Espero que António esteja bem, assim como a sua musa, cá descrita:
. Às vezes, dão-se mil cambalhotas ao pensamento para arranjar um "nick" que, omitindo o nome de que andamos no fundo fartos e cansados, concentre todas as nossas virtudes e defeitos íntimos. A moda tende muito para o inglês, porque em português não é fácil dar a entender aos outros que somos deveras gente de esmerada gema.
A esses tolinhos, que andam por aí armados em febrilóides "in-caraças", dir-lhes-ei, tão só, que me parecem todos nascidos - leiam bem - cá fora dentro de um ovo-chôco.
Um dia cheguei à Usina e havia o Usineiro. Eu que sou luso genuino com cerca de 1.000 anos de mistura, pimba, tomei o "L" de lusitano e "nickei-me" LUSINEIRO... E ainda para mais e sobretudo, meus caros, com "L" de liberdade.
Então não é tão lindo ter-se um "nick" em português? Por exemplo, MILAZUL !... Não dá até ideia que se está a ler um romance do Leon Uris cujo protagonista procura uma Maria no céu?...
Sim... O português é lindo, os portugas é que não.