QUEM UM DIA FREQUENTOU BOTECO, VAI PARA O CÉU 
 
 Renato Ferraz 
 
   
 
 Morre feliz e sossegado 
 
 quem um dia conheceu um bom boteco! 
 
 O boteco, endereço da alegria 
 
 onde a felicidade é fugaz. 
 
 Lá se diverte e relaxa. 
 
 A descontração é por conta da casa, 
 
 só vai embora com o último cliente. 
 
 O assunto do bate papo rende, 
 
 a cerveja gelada e o petisco são ótimas companhias. 
 
 Ali os fantasmas da vida não têm vez. 
 
 O burburinho os espanta. 
 
 O barzinho, local aconchegante, 
 
 Onde se misturam os diversos aromas. 
 
 Cada um tem a sua preferência. 
 
 É o palco da verdadeira democracia. E da pura filosofia! 
 
 Em geral, lá as emoções se pluralizam. 
 
 E com a ajuda do efeito do chopp, 
 
 O coração bate diferente, a língua fica mais solta 
 
 E a descrição desaparece, 
 
 Porque ali todos são iguais. Cada qual paga a sua conta, 
 
 bebe e come o que quer. 
 
 Fala-se de esporte, de sexo, de política, do amor, de traição, da sogra, de religião. 
 
 Enfim, tem-se expertise para cada assunto. 
 
 Fala-se das coisas do cotidiano da vida. 
 
 Pode-se dizer que a mesa de bar é também confessionário, um divã, um tribunal, um palanque ou até um consultório. 
 
 Porque assim como se é mais sincero, igualmente às vezes se excede nos assuntos. Inventa-se histórias e mente-se muito também! 
 
  
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