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Artigos-->Um novo dialeto de língua portuguesa -- 20/07/2021 - 23:02 (João Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Um novo dialeto crioulo de língua portuguesa – o dialeto da mascarilha

João Ferreira

Julho de 2021 

Entre os cuidados prescritos pelas sociedades em estado de pandemia, contam-se não apenas o isolamento social, a desinfecção das mãos e das superfícies feita com água  sabão, desinfetantes ou álcool gel 70, mas também o uso da máscara, obrigatória em ambientes aglomerados e fechados. Desta forma, a máscara passou a ser um fator importante na interferência da comunicação social. Falar ou comunicar-se com máscara passou a ser um uso social entre as várias camadas da população. Sendo esta a realidade durante a pandemia espalhada mundialmente em todos os países, a máscara ou mascarilla como dizem os falantes de língua espanhola,  passou a ser rigorosamente um elemento importante do aparelho fonador entre os falantes que usam esse instrumento de defesa contra o coronavírus. Aconteceu, assim,  que com a boca tapada ou coberta, a fonética necessária à percepção da articulação linguística sofreu modificações essenciais  e graves danos. Diríamos que, em consequência disso, mais do que  a fonética foi a eficiência da comunicação que foi afetada. Esse fato nos leva a algumas considerações.

A primeira consideração indiscutivelmente urgente é que as pessoas em geral e mais especificamente aquelas que têm funções públicas e também as instituições com relações e serviços públicos a seu cargo para atender a população, se conscientizem disso. Como primeira medida importante desse segmento da população, seria benvinda uma manifesta prova de que há uma autoconsciência disso e um autocontrole capazes de  garantir uma comunicação mais eficiente.

Por outro lado, para as empresas, reservaríamos uma segunda consideração a respeito deste tipo de comunicação.  As direções das empresas fariam um ótimo serviço técnico e social se habilitassem suas secretárias de recepção, suas telefonistas e todos os funcionários em relações públicas com estes cuidados de treinamento em tempos de máscara.

Este cuidado se estende a porteiros em geral, e sobretudo aos porteiros de prédios habitacionais, de hotéis, de condomínios e de residências particulares, aos gestores e coordenadores de clínicas, às secretárias de hospitais e consultórios, aos gerentes de supermercados, aos comunicadores, apresentadores de rádio e Tv, diretores de programas televisivos, participantes de debates em rádio e televisão, e similares. Estes são alguns dos pontos chaves da comunicação moderna em tempos de máscaras. Porque quando a comunicação é feita escondendo as reações faciais de uma boca falante,  são necessárias as providências da educação e o treinamento dos agentes públicos para esta nova situação.  Entre as providências pessoais e educacionais tem sempre lugar privilegiado o autocontrole e o treinamento conveniente às funções ocupadas pelo agente social de tal maneira que seja facilitada para ele a comunicação  normal e o sucesso que se impõe em todos os serviços essenciais.

Todos queremos ser bem atendidos numa loja, num ambulatório, num consultório, numa clínica, num restaurante, numa escola, num instituto onde procuramos serviços, num clube, numa rodoviária, num ônibus, numa estrada federal quando abordados pela polícia rodoviária. Todos, sem exceção. Todos queremos ser bem atendidos numa conversa, num diálogo, numa pergunta, exatamente naquele momento em que somos limitados pela máscara para criarmos as condições perfeitas de uma fonética para expressão e comunicação de nossa mensagem. Isto, por imposição dos protocolos sanitários. Todos queremos acompanhar as linhas de raciocínio num debate televisivo sobre problemas humanos ou políticos, problemas sociais, problemas de saúde, ou quando procuramos informações sobre meio ambiente ou queimadas na Amazônia ou no Pantanal. Seja o que for ou seja como for, queremos que a pessoa que fala com máscara fale sem atropelar as palavras e com clareza sabendo que tem lá na ponta do cabo da comunicação um ouvinte que é  a razão última de sua mensagem. Seja na Rede Globo, seja na Bandeirantes, na Record, na SBT ou na TV Brasília, o problema é o mesmo. Que os agentes de comunicação sejam conscientizados sobre esta nova situação linguística  e treinados para serem eficientes nesta inédita modalidade da língua portuguesa, que é a  crioulização da língua em tempo de pandemia, ou dito de outra maneira, em tempos da máscara, que no uso linguístico passa a ser considerada como elemento dinâmico do novo aparelho fonador do falante afetado pela pandemia.

Brasília, 19 de julho de 2021.

 

 

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