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Artigos-->DE FARRISTA A PASTOR, JUVENAL É O SENHOR! -- 15/10/2021 - 16:41 (Renato Souza Ferraz) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

DE FARRISTA A PASTOR, JUVENAL É O SENHOR!

 

Ele era muito alegre e engraçado! sempre tinha uma piada na ponta da língua ou um apelido a colocar em alguém, um causo a contar etc. Até exagerava um pouco nos causos...

Farra era mesmo com ele! Os amigos, quando ele não ia, sentiam sua falta e faziam questão da sua presença. Era mesmo um animador!

Era namorador, também. Galanteador de primeira linha! Quando conhecia uma garota que lhe simpatizasse, ele se derretia todo, fazia declarações públicas de amor, jurava ser aquela a mulher da sua vida, que dessa vez se casaria. Enfim não arredava o pé até conseguir um sim! Depois a realidade não era bem assim... e aí viria outra candidata etc.

O nome dele era José Juvenal. Filho de D. Maria Josefa e Seu José Juvêncio.

Juvenal quando emendava numa farra era igual a música de Luiz Gonzaga, Forró No Escuro, só saia se pegasse o sol com a mão...lá na sua cidade se dizia que ele era um “cabra desmantelado”, mas era desmantelado de bom”. Ele não era unanimidade, claro! Aliás, ninguém é. Mas ele tinha sua maioria, digamos assim. Era espirituoso, criativo, desenrolado, alegre e muito brincalhão. E tem mais, viu. Era metido a bravo! Se mexesse com estava com ele ou com quem fosse dos seus, aí a vaca tossia e o coelho virava leão. Transformava-se mesmo em um leão e era preciso muito convencimento para segurar a fera ferida.

Quando ele toma umas canas que as orelhas ficavam vermelhas e quentes, começava a cantar, era metido a cantor apaixonado. Era uma figura engraçada. Ele gostava de chamar a atenção, de ser o centro dos olhares. Quem o conhecia já sabia e nem dava ousadia, aí ele murchava e como um cãozinho desajeitado colocava o rabinho entre as pernas. Mas não dava o braço a torcer nem tinha essa de ficar sem graça ou envergonhado não.  Ao contrário, quem quisesse que ficasse ou ele até provocaria porque ria demais quando alguém ficava meio sem jeito.

Seu aniversário era comemorado com uma farra grande e desmantelada, à caráter. Reunia seus amigos que eram muitos e cada um fazia questão de compartilhar, um dava uma galinha, uma garrafa de cachaça e quem podia dava um bode, uma caixa de cerveja e por aí vai... Teve um ano que lhe deram foi um boi! Geralmente sobrava muita coisa, que até virou tradição guardar o que sobrou e completar com o que se achasse necessário para comemorar de novo no final de semana seguinte, uma segunda festa.

Juvenal aos poucos, lá pelos seus 40 e poucos anos foi diminuindo suas farras, não aparecia numa ou noutra, se desculpava para ir em outra e assim foi. Um ou outro amigo preocupado comentava, será que o homem tá doente? E o que será? Ou será que lhe botaram uma macumba depois que ele enrolou no namoro muitas moças?

Ele estava namorando mais outra garota já fazia um ano! Era muito tempo para quem o conhecia. Os amigos se dividiam, uns diziam, agora ele se ajeita, viram que essa é diferente? As outras ele dominava e quando achava que não, era o fim. Essa não, ela é esperta, faz de conta que ele domina, até aparenta que é submissa. É nada, no fim ela sabe como conquistá-lo, o homem amansa e ela o leva na mão alisando que ne seda.

Já o outro grupo se opunha e fazia coro, é nada, ela será mais uma, realmente faz um ano, é verdade, mas nosso amigo é cigano, ele não vai mudar, gosta de liberdade. Deve ter se gostado dela mas entre isso e casar, quem já viu um cabra desmantelado como ele é, se ajeitar assim de vez?

Aproximava-se da data do aniversário dele e os amigos estavam na expectativa como seria a comemoração esse ano...que teria festa isso ninguém tinha dúvida, afinal ele jurava sempre que aquela data mesmo quando ele partisse fazia questão que os amigos se reunissem e tomassem todas por ele.

Bom, festa teria, isso era fato! A dúvida mesmo era se Juvenal iria beber e comemorar a seu estilo animado como nos anos anteriores, já que ele andava diferente.

Uma semana antes da festa ele avisou aos mais próximos e que esses também saíssem dando a informação aos que ele não os iria encontrar,

E assim foi feito, Zé deu um carneiro, João um porco, Pedro duas galinhas e um galo. A turma da pesada deu a cerveja e a cachaça.

Geralmente a banda de música alguém lhe oferecia sem custos, e ele cantava e se divertia quando estava com os olhos de brasa. Esse ano el se antecipou e dispensou a banda. Pediu que o valor pago pelos amigos à banda, comprassem cesta básica e levassem para lá onde seria a festa!  Agradeceu e disse que faria uma surpresa no lugar da banda.

No dia da festa, passava de 11 horas e alguns minutos, os amigos forram chegando, de costume ele já os ia recebendo brindando, pois começava logo cedo, quando não no dia anterior a beber.

Chegou um, outro e mais outros e nada do aniversariante. Aquele silêncio, exceto o burburinho provocado por eles à boca miúda!

O ambiente era completamente diferente dos demais anos, sem som, sem aquela animação de farra, sem o aniversariante e em bebida alcoólica

Passado algum tempo já havia chegado uma quantidade razoável de pessoas, ele também chegou com a família, todo bem vestido, com traje social, Já chamou mais a atenção ainda para os boatos, geralmente se  vestia roupa mais simples  e esportiva. Também chegou um grupo de  músicos todos vestidos de paletó preto pessoal e começou a afinar os instrumentos,

A turma começou a pressionar por bebida, ele então apressou.  pegou o microfone e começou a cantar uma música evangélica de louvor a Deus!

Começaram a chegar também pessoas com roupa diferente do comum, da turma que participava da farra. Geralmente a turma dele o pessoal ia de bermuda, camiseta, sandália etc.

AS mulheres vestiam roupas longas e os homens com mangas longas ou paletó preto.

Ele e anunciou que se converteu a igreja evangélica e que daqui para frente seria um caçador de almas perdidas e que todos eles, ex amigos de farra eram convidados a conhecer a sua nova religião. Agradeceu a todos pela convivência se desculpou quando fez algo de errado com alguém, Em seguida mandou servir o almoço com suco e refrigerante. Pediu por favor o entenderem e não insistirem, não teria bebida alcoólica.

Pouco tempo depois Juvenal virou Pastor evangélico.

 

 

 

 

 

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