A entidade que tenta realizar o nobre trabalho de dar assistência aos animais que são abandonados pelas ruas da cidade (tarefa que deveria ser do poder público), sobrevive apenas com a contribuição de donativos de voluntários (eu sou membro de lá com muita alegria). Pelo baixo poder aquisitivo de nossa população, estas contribuições são modestas, o que dificulta uma ação de melhor qualidade por parte da SUIPA. Apesar disto, pela dedicação de seus funcionários e voluntários que podem estar lá quase diariamente, ela sobrevive com enorme dificuldade. Apesar de se encontrar numa situação caótica, teve a dignidade de adotar uma medida exemplar, que deveria servir de modelo às demais entidades de nossa sociedade, independente da situação financeira que as envolve. A direção desta entidade, editou nota (diz a lenda que os animais aplaudiram de pé a medida) onde expressa seu desagrado em receber políticos que visitam (que na oportunidade costumam levar um mísero saco de ração para os esfomeados) a entidade com falsas promessas antes das eleições. Sabem que na verdade estão lá para tirar fotos fazendo pose de amigos dos animais necessitados (teve um que até montou em jegue para ganhar a presidência do país).
A poucos meses das eleições os candidatos afagam os simpáticos animais engaiolados, prometem isenção de IPTU para a entidade, abatimento nos custos de aquisição de rações e equipes de estagiários prestando atendimento grátis aos estimados animais. O mesmo que prometem ao visitar asilos, orfanatos e casas do gênero, quando abraçam e beijam os carentes e abandonados (depois limpam o rosto com o lenço embebido em álcool).
A direção da SUIPA percebeu com clareza (após 20 anos de expectativa) que a maioria dos candidatos apenas se aproveita da miséria reinante para conquistar votos. Depois de eleitos "esquecem" dos problemas para que nos futuros pleitos tenham meios de pedir apoio novamente (contam com nossa falta de memória agravada por distrações de baixo nível geradas pela mídia amordaçada).
Pena que outras entidades de maior peso não sigam este exemplo para demonstrar nossa indignação para com aqueles que apenas visam obter meios para resolver os problemas daqueles que patrocinam suas campanha com altas somas.
Já está mais do que na hora das pessoas entenderem o que os cães e gatos de nossa cidade já perceberam pelos seus instintos. Já notaram como eles rosnam quando um pilantra se aproxima deles? E como abanam o rabo quando identificam as pessoas de boa índole?
Haroldo P. Barboza – Matemático, Analista de computador e Poeta – Maio / 2002
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