Decepcionada com a receita neoliberal implantada por FHC em que, as privatizações e entrega do patrimônio público ao setor privado fracassaram, a população está disposta a mudar a cara da situação no poder. E é o candidato da oposição Luiz Inácio Lula da Silva, que tem as reais possibilidades de ser o próximo presidente da República. Diante do quadro porque passa o país, o povo deposita em Lula suas esperanças de mudanças.
Faltando quatro meses para as eleições, Lula parece consciente das responsabilidades que terá que assumir: governar um Brasil economicamente estagnado. Uma pequena elite de políticos e empresários corruptos há séculos mandando no governo, tornou o poder uma instituição em que o público e o privado se confundem. Com um Congresso Nacional de maioria governista, FHC não cumpriu suas promessas de campanha como, melhoria na saúde pública, segurança, criação de novos empregos e combate à pobreza. Ao contrário, em seu governo aumentou a miséria, o desemprego, corrupção e a violência. As privatizações produziram altas tarifas dos serviços públicos e o repudiado apagão, que levou caos aos consumidores.
O futuro presidente da República sabe que enfrentará as forças, hoje não mais ocultas, que trabalharão contra o seu governo. Lula deve contar com o boicote das elites: Federação das Indústrias de São Paulo (FIESP), Agência de Inteligência (CIA) dos EUA e os velhos políticos que não aceitam sair da corrupção do poder. O exemplo do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, deposto por um golpe militar planejado pela CIA e, em seguida, reconduzido novamente pelo povo ao Palácio de Miraflores, dá uma idéia da truculência do poder econômico contra o estado de direito e soberania de nações periféricas como o Brasil. É aquela velha história colonial – comandada pelo capital global e pelas elites dominantes.
Eleito pelo povo venezuelano, Hugo Chávez tenta implantar as reformas sociais necessárias, mas sua política de inserir os pobres na renda nacional é rejeitada pelos EUA, por empresários e apaninguados de governos anteriores. O presidente tem enfrentado todo tipo de terrorismo das elites daquele país sul-americano. No Brasil, a CIA com escritórios em São Paulo, Rio e Brasília, está empenhada no processo eleitoral brasileiro com interesse de George W Bush. É preciso que a sociedade brasileira tenha cuidado com as mudanças que o país requer, para não cair novamente nas garras da truculência de uma ditadura militar. Basta a que já se vive atualmente - a chamada ditadura branca. No poder, Lula pode ter vontade de realizar o sonho da população, mas se quiser completar seu mandato terá que usar tom conciliador, ceder às pressões dos poderosos, frustrando as expectativas de seus eleitores. ( E-MAIL: rcarvalho30@hotmail.com)