Em meio ao pleno cerrado, nada tem de especial o solo do Brumado. Senão para as espécies nativas, de lá cativas, como o alecrim, a maria-preta, a embaúba e as arvorezinhas arbustivas, de cascas grossas, retorcidas e geralmente espaçadas, em meio à macega do capim meloso.
Mas pelo povoado que lá se instalou, a partir da criação da fábrica de tecidos no início do século XX, quintais foram logo formados na animação das primeiras gerações do operariado. Se o trabalho com o algodão, do branco tão puro era duro, desbravar o mato, cultivar, post-facto era venturosa diversão.
E nesse diapasão, papai e mamãe se entusiasmaram com a posse e o potencial da terra. Plantavam de tudo o que lhes desse na cabeça ou do que lhes chegasse às mãos. E, para adequar o solo, fertilizavam-no até com o salitre do Chile. Que, diziam, era veneno, e após apresentado aos nossos olhos, era botado em lugares fora de nosso alcance, sob a grave advertência.
A macieira e o marmeleiro, mirrados não davam sinal de que vingariam, mas o resto da plantação, quase sem exceção era abundância em sedução. O limoeiro, então, que prodigalidade...E logo à porta da cozinha...Chegamos a "exportar" para Belorzonte. E a horta, apesar de bem mais sensível, não fazia feio. Tirar uma cenoura do canteiro, era denunciar-se pelo seu intenso cheiro...E que gosto.
Havia também o capítulo das flores, mais particular da inclinação de mamãe. Com elas, foi ornando a frente do terreiro, mais com as roseiras, que eram agrestes e faceiras, mas ela acertou a mão mesmo foi no jasmineiro, que cresceu, e a esse meu jazz mineiro, de suave perfume iluminou o breu...