----- Hoje nada me apetece criticar. Hoje tudo me merece consideração e apreço. Hoje atiro a minha luva branca para o céu e esperanço-me de que ela voe contínua sobre este momento de paz dócil que me perpassa e tanto desejo que assim prossiga até ao fim que não sei aonde é.
----- Alerto os meus contemporâneos, sem qualquer embuço de autoridade moral - desde há muito que não me atenho a essa estratégia - para o facto da explícita ondulação da nossa existência. Não adianta, creiam, gastar energias contra a inexorável corrente da força que nos empurra para a foz. É e será sempre melhor darmos alma e corpo ao sabor da curso e esforçar-mo-nos por recolher quanto antes à apeadeira margem da nossa própria condição, pois é a única forma de sustentar quanto possível a levada. É utópico intentar, mesmo sem dar por isso, o regresso à nascente.
----- Deixe-mo-nos em paz uns aos outros. Friccionemos o ego com esperança e procuremos iludir com inteligência benfazeja os limites de cada um. Afinal todos sabemos tanto para perdermos tudo!