'Terrorista de Ourinhos', ex-candidatos e fotos com ex-ministros: quem são os suspeitos de financiar atos golpistas
Lista da Advocacia-Geral da União (AGU) tem 52 nomes apontados como responsáveis pelo transporte dos manifestantes bolsonaristas à capital federal
Por Ana Flávia Pilar, Eduardo Gonçalves, Felipe Grinberg, Jéssica Marques, Karolini Bandeira e Lucas Mathias, O GLOBO — Brasília e Rio
14/01/2023 04h30 Atualizado há 11 meses
Cesar Bagatini, João Carlos Baldan e Aparecida Solange Zanini estão entre os suspeitos, segundo a AGU, de financiarem os atos golpistas em Brasília — Foto: Arte / Reprodução
Na lista dos 52 nomes apontados pela Advocacia-Geral da União (AGU) como responsáveis por ter financiado o transporte dos manifestantes golpistas à capital federal constam ex-candidatos bolsonaristas e empresários. Alguns deles, como João Carlos Baldan, ostentam fotos com o ex-presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais ou com integrantes de seu governo, como os ex-ministros Milton Ribeiro e Marcos Pontes.
O GLOBO conseguiu localizar alguns dos suspeitos. Há casos como o de Aparecida Solange Zanini, de Três Lagoas (MG), que nega o financiamento e o envolvimento com os atos, assim como Ademir Luis Graeff, que diz, inclusive, ser contra as manifestações golpistas do último domingo. Já o empresário de Bento Gonçalves (RS) Cesar Bagatini, confirma que participou de "manifestações pacíficas", mas não das invasões, e que também financiou os atos.
Nelson Eufrosino, conhecido como "Nelsinho Chapeiro" é mais um dos nomes na lista de suspeitos. Ele aparece em imagens que circulam nas redes, em que pede para ser filmado depredando o prédio do Congresso Nacional. Já Jorge Rodrigues Cunha consta ainda como um dos 1.200 presos após os atos golpistas.
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Veja quem são os suspeito de financiarem os atos golpistas:
Dono da empresa Vidal Transportes, de Pinhais (PR), tem 48 anos e recebeu pagamentos do Auxílio Emergencial. Não respondeu ao contato do GLOBO.
Aos 47 anos, é dono de empresa de comércio varejista na cidade de Missal (PR). Seu nome foi associado à empresa de turismo Transgiro, em viagem de Marechal Cândido Rondon (PR) para Brasília no domingo. Graeff afirma não saber como o nome foi parar na lista de financiadores, conta que fez uma excursão com a Transgiro há mais de dez anos e que é contra os atos antidemocráticos do dia 8. O CNPJ da Transgiro Turismo e Viagens é vinculado ao nome de Robson Andre Schwingel.
Adoilto Fernandes Coronel
Adoilto Fernandes Coronel, de 50 anos, dono da Madeportas, empresa de materiais de construção no Mato Grosso do Sul. — Foto: Reprodução
Dono da Madeportas, empresa de materiais de construção do Mato Grosso do Sul, aos 50 anos, consta como financiador de uma viagem de Maracaju (MS) que transportou 56 pessoas para Brasília. Contatado pelo GLOBO, não respondeu.
Adriane de Casia Schmatz Hagemann
Agricultora aposentada, aos 40 anos, não respondeu ao contato do GLOBO.
Alethea Verusca Soares, de 48 anos, teria fretado um ônibus de São José dos Campos (SP) dois dias antes do ataque terrorista. — Foto: Reprodução
Aos 48 anos, teria fretado um ônibus de São José dos Campos (SP) dois dias antes do ataque terrorista. Ela foi presa pela Polícia Civil do DF na terça-feira, 10, por envolvimento na invasão às sedes dos Três Poderes. Antes, a bolsonarista publicou nas redes vídeos e fotos participando dos acampamentos bolsonaristas no Departamento de Ciência e Tecnologia da Aeronáutica (DCTA) de São José dos Campos. O GLOBO não conseguiu localizar a defesa de Alethea até o fechamento desta reportagem.
Administrador, de 53 anos, da empresa Polati El Dine Médicos Associados, no campo da atividade médica laboratorial, restrita a consultas. Procurado pelo GLOBO, não respondeu
Aparecida Solange Zanini, moradora de Três Lagoas (MG), negou envolvimento com os atos e financiamento. — Foto: Reprodução
Moradora de Três Lagoas (MG), negou envolvimento com os atos e financiamento.
Bruno Marcos de Souza Campos
Morador de Belo Horizonte, não retornou o contato do GLOBO.
Carlos Eduardo Oliveira, Policial Militar de São Paulo. — Foto: Reprodução
Policial Militar de São Paulo. Participou de atos que questionavam o resultado das eleições no município de São Pedro (SP), onde mora. Ele é suspeito de fretar um ônibus da cidade a Brasília dia 6 de janeiro. Contatado pelo GLOBO, não quis se pronunciar.
Cesar Bagatini, de 36 anos, é empresário de Bento Gonçalves (RS) e CEO da empresa de marcas Conees MD. — Foto: Reprodução
Cesar Bagatini, empresário de Bento Gonçalves (RS), é CEO da empresa de marketing e branding de marcas Coneex MD. Ele é apontado como financiador de veículo que transportou 36 pessoas de Garibaldi (RS) para Brasília. Ele nega financiamento de frete e participação nas invasões do dia 8, mas confirma que participou, com um grupo, das “manifestações pacíficas”. “Ninguém entrou lá dentro, fomos em grupo e ficamos no gramado”, afirmou ao GLOBO.
Empresária de Juiz de Fora, no ramo de imóveis. Procurada pelo GLOBO, não respondeu.
Daniela Bernardo Bussolotti
Daniela Bernardo Bussolotti, dona da empresa Ferro & Pvc. — Foto: Reprodução
Dona da empresa Ferro & Pvc. Procurada, não respondeu.
Dyego Primolan Rocha. Personal trainer de 35 anos, de Presidente Prudente (SP), é suspeito de financiar ônibus que transportou 34 pessoas. — Foto: Reprodução
Personal trainer de 35 anos, de Presidente Prudente (SP), é suspeito de financiar ônibus que transportou 34 pessoas. Foi procurado, mas não houve retorno.
Fernando José Ribeiro Casaca
Empresário de São Vicente (SP), dono da empresa Technotel Ltda. Procurado, não respondeu ao contato.
Franciely Sulamita de Faria
Franciely Sulamita de Faria. Moradora de Nova Ponte (MG), não respondeu ao contato do GLOBO. — Foto: Reprodução
Moradora de Nova Ponte (MG), não respondeu ao contato do GLOBO.
Genival José da Silva tem foto com o ex-presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais e é suspeito de financiar os atos golpistas. — Foto: Reprodução
Morador de Ribeirão Preto (SP), tem foto com o ex-presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais e é suspeito de financiar os atos golpistas. Afirma que, em sua viagem, “não teve patrocínio nem financiador, todos dividiram o valor da viagem e seu nome foi colocado porque foi ele o organizador.
— Todo o grupo contribuiu com um pouco de dinheiro e eu coloquei meu nome como contratante do serviço porque estava organizando. Nós participamos, sim, da manifestação pacífica, mas ninguém entrou em nenhum dos prédios nem vandalizou nada”, disse Genival José da Silva, que viajou a Brasília em um grupo de 41 pessoas.
Hilma Schumacher, de Belo Horizonte. — Foto: Reprodução
Moradora de Belo Horizonte, não retornou ao contato do GLOBO.
Jasson Ferreira Lima é morador de Paracatu (MG) e dono de uma empresa de transporte coletivo fretado — Foto: Reprodução
Morador de Paracatu (MG), é dono de uma empresa de transporte coletivo fretado. Contatado por telefone, não respondeu e desligou após a identificação.
Morador de Mirassol (SP), foi procurado pelo GLOBO, mas não respondeu ao contato.
João Carlos Baldané apontado como o responsável por fretar um ônibus no dia 6 de janeiro de São José do Rio Preto, em São Paulo, com destino a Brasília — Foto: Reprodução
Apontado pela Advocacia-Geral da União como um dos financiadores dos atos antidemocráticos do último domingo, o empresário João Carlos Baldan postou na manhã da invasão da Praça dos Três Poderes que a “boiada (estava) chegando” em Brasília. Baldan é apontado pela representação da AGU como o responsável por fretar um ônibus no dia 6 de janeiro de São José do Rio Preto, em São Paulo, com destino a Brasília. Não respondeu os contatos.
De Pilar do Sul, em São Paulo, é apontado também como responsável de um frete de ônibus de Campinas com destino ao Largo do Rosário, em Brasília. Em suas redes ele publicou diversos vídeos do acampamento montado no quartel da capital federal e está na lista de presos pelos atos antidemocráticos. Jorge fez uma transmissão ao vivo na última segunda-feira de dentro de um dos ginásios que os presos pelos atos foram levados. Procurado, não respondeu os contatos da reportagem.
Morador de Bom Jesus dos Perdões (SP), não foi localizado pela reportagem.
Morador de Cianorte, no Paraná, não respondeu o contato da reportagem.
Josiany Duque Gomes Simas
Josiany Duque Gomes Simas foi responsável, segundo a AGU, pelo fretamento de um ônibus no dia 6 de janeiro de Cuiabá para Brasília. — Foto: Reprodução
Foi responsável, segundo a AGU, pelo fretamento de um ônibus no dia 6 de janeiro de Cuiabá para Brasília. A pedagoga tentou se eleger deputada federal nas últimas duas eleições por seu estado. Em 2022, pelo Patriota, recebeu R$ 325 mil repassados pela direção nacional do partido para sua campanha, que não foi vitoriosa. Ela não se elegeu e teve apenas 622 votos no pleito. Nas redes, Josiany se apresenta como "pró armas" e compartilhou dezenas de fotos e vídeos fazendo campanha para o ex-presidente Jair Bolsonaro. Procurada, não retornou os contatos do GLOBO.
Morador de Casa-Guarapuava (PR), não retornou o contato do GLOBO.
De Foz do Iguaçu (PR), não atendeu o contato do GLOBO.
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Terroristas que invadiram e depredaram prédios públicos foram detidos e levados para triagem na Polícia Civil
De Ribeirão Preto (SP), atuou como cabo eleitoral de Isaac Dalcol Antunes (PL), candidato a deputado federal por São Paulo. Recebeu R$ 5 mil para atividades de mobilização do candidato na última eleição. Procurada, não retornou o contato.
Marcio Vinicius Carvalho Coelho
De Marilia (SP), não respondeu o contato da reportagem.
Morador de Catalão (GO), não respondeu o contato da reportagem.
Rieny munhoz marçula, de Campinas — Foto: Reprodução
De Campinas (SP), é dona de uma empresa de serviços estéticos, com manutenção de cílios e sobrancelhas. Procurada, não respondeu o contato da reportagem.
Rosangela de Macedo Souza
Rosangela é moradora de Riolândia (SP), servidora pública e atua como oficial administrativa do São Paulo Previdência (SPPREV). Procurada, não respondeu ao contato do GLOBO. — Foto: Reprodução
Moradora de Riolândia (SP), é servidora pública e atua como oficial administrativa do São Paulo Previdência (SPPREV). Procurada, não respondeu ao contato do GLOBO.
De Nova Londrina (PR), é dona da empresa de transporte escolar “R M Services”. Procurada, não atendeu a reportagem.
Sandra é moradora de Sorocaba (SP), não respondeu o contato da reportagem. — Foto: Reprodução
Moradora de Sorocaba (SP), não respondeu o contato da reportagem.
Sheila é professora, tem 46 anos, e foi presa na terça-feira, após participar dos atos terroristas no domingo. Em uma rede social, a professora e se diz de direita e conservadora. A reportagem não conseguiu contato com ela. — Foto: Reprodução
Professora de 46 anos, em Mogi das Cruzes (SP), foi presa na terça-feira, após participar dos atos terroristas no domingo. Em uma rede social, a professora e se diz de direita e conservadora. A reportagem não conseguiu contato com ela.
Stefanus Alexssandro Franca Nogueira
Stefanus Alexssandro Franca Nogueira foi candidato a vereador na cidade paranaense de Ponta Grossa, nas eleições de 2016. — Foto: Reprodução
Sulani da Luz Antunes Santos
Empresária no ramo estético em Vinhedo (SP), é dona do La Mariee Estética e Cabelo. Procurada, não retornou o contato da reportagem.
Terezinha de Fátima Issa da Silva
De Caxias do Sul (RS), foi contatada pela reportagem, mas não respondeu.
De Francisco Beltrão (PR), foi contatado pela reportagem, mas não respondeu.
Nelson Eufrosino, como "Nelsinho Chapeiro", aparece em vários vídeos quebrando janelas e depredando prédios na Praça dos Três Poderes. — Foto: Reprodução
No Facebook, é conhecido como "Nelsinho Chapeiro" e aparece em vários vídeos quebrando janelas e depredando prédios na Praça dos Três Poderes. As imagens viralizaram e páginas afirmam que Nelson é um dos 1.200 presos detidos em Brasília. No entanto, o nome do bolsonarista não aparece na lista divulgada pela SEAP-DF. Nelsinho foi chamado na internet de "terrorista de Ourinhos" e, no dia dos ataques, pediu para ser filmado depredando prédio no Congresso Nacional. Ele teria ido para Brasília em um ônibus que partiu do acampamento localizado ao lado da Câmara Municipal de Ourinhos (SP) na tarde da última sexta-feira (6).
Michely Paiva Alves, empresária de Limeira (SP), de 35 anos, é dona da empresa Mittag Presentes — Foto: Reprodução
Empresária de Limeira (SP), de 35 anos, é dona da empresa Mittag Presentes. É suspeita de financiar um ônibus de Limeira na empresa TRANSMEGA TRANSPORTES E TURISMO EIRELI e seu nome consta na lista dos 1200 presos. Nas redes sociais, apenas o perfil da empresa segue ativo. O dela, é bloqueado. Além disso, a empresária recebeu pagamentos do Auxílio Emergencial entre 2020 e 2021, segundo o Portal da Transparência.
De São Paulo (SP), não respondeu o contato da reportagem. Recebeu pagamentos do Auxílio Emergencial e do Bolsa Família.
Patrícia Alberta dos Santos Lima
De Belo Horizonte, Minas Gerais, é apontada pela AGU como uma das financiadoras dos ônibus que levaram os golpistas até a Esplanada. Ela também participou dos atos e está presa no Complexo da Colmeia.
Apontado como um dos supostos financiadores dos atos golpistas em Brasília, Pedro Luis Kurunzi já foi condenado por crime contra a ordem tributária. Segundo a denúncia do Ministério Público Federal, o empresário declarou que uma de suas empresas em 2011 e 2012 teve receitas de R$ 2 milhões, enquanto a Receita Federal descobriu que os livros contábeis da empresa registravam R$ 14,5 milhões em notas fiscais. Pelo crime, já transitado e julgado, ele cumpriu dois anos de pena em regime aberto, que, segundo sua defesa, foi convertido em prestação de serviços à comunidade e multa. No total, foram sonegados mais de R$ 1,2 milhão em imposto de renda e tributações.
Procurada, sua defesa negou que ele estava na capital federal durante os atos golpistas e criticou a AGU.
— Ele não pagou e não financiou esse valor todo. Mas o contrato precisa ficar no nome de uma pessoa e, ele sendo empresário esclarecido, acabou deixando no nome dele. Foram várias pessoas que resolveram fazer essa arredação para poder participar dessa manifestação em Brasília. O que era discutido era uma manifestação pacífica. O Pedro não tinha conhecimento e muito menos incentivaria atos de vandalismo. Eles simplesmente ajuizaram uma ação contra todos que fretaram ônibus a Brasília. É regra ter uma relação de passageiros e eles tem condições de apurar se algum deles tiveram relação com o vandalismo — afirmou Ana Paula Delgado, advogada do empresário.
Sobre a condenação por crime tributário, a advogada afirmou que o empresário cumpriu a pena integralmente.
Pablo Henrique da Silva Santos
De Belo Horizonte (MG), não respondeu ao contato da reportagem.
Nelma Barros Braga Perovani
A empresária Nelma Barros Braga Perovani, ao lado de Milton Ribeiro, Marcos Pontes e da prefeita de Bauru, Suéllen Rosim (Patriota) — Foto: Reprodução
Nelma é próxima ao ex-ministro Milton Ribeiro, a quem descreve como amigo em uma foto na internet. Também aparece em imagens ao lado de Marcos Pontes e Daniel Silveira, e participou de encontro com Tarcísio de Freitas em 2022.
Ela é a criadora de um canal de mensagens no aplicativo Telegram, chamado de Selva Brasil, mas o grupo não foi encontrado. Em tese, o canal foi bloqueado. Nelma é suspeita de ter fretado um ônibus de Bauru, no dia 5 de janeiro, e não respondeu às tentativas de contato.
É dono de uma empresa de produtos automotivos. Desligou o telefone ao saber do que se tratava a ligação.
Marlon Diego de Oliveira foi candidato a vereador na cidade de Tupã (SP) em 2020, pelo PP. Em fevereiro de 2022, a prefeitura ingressou com uma ação contra a empresa em que ele é sócio por loteamento irregular de imóveis e riscos ao meio ambiente.
É suspeito de ter fretado um ônibus saindo de Presidente Prudente no dia 6 de janeiro. Não retornou às tentativas de contato.
Ao telefone, respondeu que não estava em Brasília no dia dos atentados.
— Teve vários ônibus na minha cidade. A gente trabalha com uma caixinha de doações lá ,em frente ao QG do Exército. Algumas pessoas foram responsáveis, mas eu não fui a Brasília e não vou responder mais nada, só com advogado — disse, ao Globo.
No final, agradeceu por ter sido informada sobre o nome dela constar na relação. Antoniazi é suspeita de fretar um ônibus saindo de Piracicaba no dia 6 de janeiro.
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